Vendas do comércio caíram 10,5% na primeira quinzena
É o que revela levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Feriado da Páscoa provocou esvaziamento das lojas. Contribuem para prolongar o efeito negativo a baixa confiança do consumidor, juros elevados e a desaceleração do crédito
As vendas do comércio paulistano caíram 10,5%, em média, na primeira quinzena de abril ante igual período de 2014, de acordo com o balanço de vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
A queda atingiu 10,2% nas vendas a prazo e 10,9% à vista. Na comparação com igual quinzena de março, sem nenhum feriado, a derrapagem foi ainda maior: 21,5% e 14,5%, respectivamente, o que resultou em desempenho médio 18% inferior.
“O feriado da Páscoa prejudicou fortemente o comércio, pois provocou o esvaziamento das lojas da capital paulista", afirma Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). "Já o mesmo período de 2014 não contou com esse feriado, que foi comemorado somente na segunda quinzena.”
Mas o feriado não foi a única razão que explica o resultado negativo. Também contribuíram o “tarifaço”, que reduz o poder de compra do consumidor, a alta dos juros e a desaceleração do crédito.
Deve-se contabilizar ainda a insegurança no emprego, que vem derrubando os índices de confiança do consumidor, e os possíveis efeitos da terceirização, de acordo com Emilio Alfieri, economista da ACSP.
“Na venda à vista, a queda foi menor ainda sustentada pela massa salarial. Por outro lado, as vendas a prazo sofrem mais impacto da falta da confiança”, diz Alfieri
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No ano passado, o período foi marcado pelas vendas de eletrodomésticos com IPI reduzido para presentear as mães, e de eletroeletrônicos, puxadas pela Copa do Mundo. “Mesmo com a eliminação do efeito-calendário, os números devem continuar bastante negativos ao longo de abril”, conclui o economista.
INADIMPLÊNCIA EM OBSERVAÇÃO
No Balanço de Vendas, os dados de inadimplência na primeira quinzena de abril ficaram em 5,5% ante igual período de março, mas registraram queda de 13,2% ante os primeiros quinze dias de abril do ano passado.
Os dados de recuperação de crédito, ou seja, de registros cancelados, ficaram em patamares semelhantes ao da inadimplência, com 4,4%, na comparação mensal, e -13,9% na comparação anual.
Segundo Alfieri, o resultado mostra de novo estabilidade dos indicadores, mas com leve propensão à alta – lembrando que o Balanço inclui apenas os registros de loja e carnês, mas não de outros meios de pagamento, como cartões de crédito.
“A queda nos indicadores de crédito se justifica pela desaceleração nas concessões. Mas é um dado que deve ser observado, já que as pessoas estão menos habilitadas a sair das listas do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito da ACSP, administrado pela Boa Vista Serviços) porque sobra pouco dinheiro para negociação.”