Setor prevê prejuízo grave para o comércio com a paralisação
Entidades setoriais condenam a paralisação pelos danos às vendas e à mobilidade dos trabalhadores. Perdas do comércio podem chegar a R$ 5 bilhões em todo o país
Associações de classes representativas do comércio estimam que o setor pode ter perdido cerca de R$ 5 bilhões em razão da greve geral ocorrida nesta sexta-feira, 28.
O valor representa o faturamento diário do comércio no Brasil, informa a FecomercioSP e seus sindicatos afiliados. Na cidade de São Paulo, o setor fatura R$ 500 milhões por dia e no estado, R$ 1,6 bilhão.
O prejuízo pode ser triplicado se for levado em consideração que o final de semana será seguido de um feriado na segunda-feira, 1º de maio, quando se comemora o Dia do Trabalho.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, considerou que a realização de uma greve geral neste momento de recessão só atrapalha.
"Os sindicalistas se esquecem que há 14 milhões de pessoas desempregadas no país", avalia.
Para a FecomercioSP, o Brasil vive um momento econômico difícil e um grande desemprego. "Não são mais admissíveis paralisações que tragam custos às empresas ou dificuldades de deslocamento de trabalhadores", diz a entidade.
Na avaliação de Burti, os sindicatos estão esquecendo que "têm a função de amparar os trabalhadores, e não de tomar partido. Deveriam exercer a defesa do trabalhador. Antes de iniciarem qualquer movimento, deveriam sentar e conversar com a população", sugere.
Conforme o presidente da ACSP, a greve realizada por alguns grupos é prejudicial para a economia e não reflete o desejo dos trabalhadores brasileiros.
"O direito à greve está assegurado pela Constituição e deve ser respeitado, mas o movimento precisa ser espontâneo. Para a greve ser legítima, ela tem de partir do próprio trabalhador", diz. Os protestos realizados na capital paulista desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira certamente afetarão o desempenho do comércio varejista, segundo a ACSP.
"O comércio que fechou as portas hoje perderá um sexto do faturamento da semana. Se levarmos em conta os feriados prolongados em abril, esse prejuízo atinge uma proporção ainda maior. O Brasil só vai progredir trabalhando", afirma.
O presidente da ACSP admite que a situação na cidade de São Paulo durante a greve poderia estar pior, porém credita o quadro de menos deterioração à atuação do prefeito e de empresários que fizeram parcerias com aplicativos de transporte para facilitar a locomoção dos trabalhadores. "A expectativa era de caos, mas a atuação do prefeito e do empresariado está ajudando a limitar os efeitos", completa.
Outras associações de indústria, comércio e serviços adotaram a postura política de não fazerem balanços da adesão à greve.
Incluem-se neste grupo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) e Associação Nacional de Restaurantes (ANR).
Para estas associações, as reformas são no momento a maior bandeira.