Renegociar contratos em shoppings ajuda a manter equilíbrio financeiro
Com vendas em queda, lojistas querem revisão dos custos de ocupação
Paralelamente ao movimento de busca de novos canais de vendas, os lojistas estão procurando ainda a renegociação de contratos de locação. Em alguns shoppings, há filas de lojistas nas salas das administradoras, contam representantes de franquias que sofrem com a alta dos custos.
Há motivos. Os contratos de aluguel, reajustados geralmente pelo IGP-M, são feitos por prazos de cinco anos. Os que foram firmados no final de 2010 e início de 2011, principalmente, sofreram influencia do boom de consumo.
Os reajustes valem para o que os shoppings chamam de aluguel mínimo. Isto é, faturando bem ou mal, existe um aluguel mínimo estabelecido pelo shopping. Alguns contratos também estabelecem um percentual sobre o faturamento da loja, caso este valor seja maior do que o do aluguel mínimo.
O que alguns lojistas defendem neste momento é uma revisão desses contratos, até porque, dizem eles, o momento econômico neste segundo semestre é bem diferente do de quatro ou de até de um ou dois anos atrás. O consumo esfriou significativamente.
Além da reavaliação dos contratos, os lojistas reivindicam que os shoppings deixem de lado uma velha prática: a cobrança de um percentual sobre o aluguel mínimo de dezembro que, em alguns casos, chega a 100%. Os comerciantes que estão em situação pior, isto é, os inadimplentes, querem ainda o parcelamento do pagamento do débito, na esperança de que as vendas retomem com a proximidade do Natal.
O estudo da BG&H já constatou que há maior disposição dos shoppings para resolver o impacto da queda de vendas. Para combater a vacância e o movimento menor de clientes nos novos empreendimentos, os administradores de shoppings deverão se aproximar dos lojistas, especialmente das lojas satélites. Este contato deve resultar em maior flexibilização das negociações, possibilitando um escalonamento dos alugueis, apoio de marketing, o que antes só ocorria com as âncoras.
Loja da Uatt?: a rede planejava “invadir” 5 mil cidades do país
GRANDES REDES VÃO CRESCER
O clima de pessimismo em relação ao ritmo da economia não atingiu as 14 maiores redes de varejo, segundo pesquisa da BG&H. Consulta realizada pela consultoria na semana passada constatou que 60% delas vão abrir mais lojas em 2015 do que neste ano. Juntas deverão abrir 300 lojas no ano que vem. “Não podemos esquecer que o PIB deve crescer ao redor de 1%, porém, o varejo deve crescer 3%”, afirma Marcos Hirai, sócio-diretor da BG&G,
Algumas franquias, porém, estão fora de toda esta animação. Sua expansão no biênio será mais lenta do que havia sido programado no final de 2013.
Em um grupo de 12 franquias do setor de alimentação que constantemente se reúne para trocar informações sobre o setor já se fala, reservadamente, em adiar investimentos por um ou dois anos.
A Vivenda do Camarão possui, neste momento, contrato assinado para instalação de mais 18 novas lojas em 2015 e estava em negociação para abertura de mais sete pontos. “Não vamos fechar os contratos dessas sete lojas, pois vai ser um ano mais complicado”, afirma Rodrigo Perri, sócio-diretor da rede de restaurantes. Estimulada pela expansão de consumo dos últimos anos, a rede de presentes Uatt? tinha a intenção de “invadir” 5 mil cidades do país. “Mexemos em nosso plano estratégico e a meta agora é crescer em praças já consolidadas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina”, afirma Renata Santos, gerente de vendas e relacionamento da Uatt? O consenso entre os consultores de varejo é que as grandes redes terão mais fôlego para bancar a expansão, por isso os planos estão mantidos. As menores já sofrem mais rapidamente o impacto de um consumo mais retraído.