Puxadas pela Black Friday, vendas de pequenos e-commerces somam R$ 60 mi
Levantamento da Loja Integrada, plataforma que reúne mais de 30 mil lojas online, também aponta crescimento no tíquete médio e no volume de descontos em novembro
por Italo Rufino com Karina Lignelli
Uma das datas mais aguardadas por consumidores e lojistas, a Black Friday 2017, realizada na sexta-feira (24/11), ajudou o varejo em geral a faturar mais de R$ 2,1 bilhões, segundo levantamento da consultoria E-bit, uma alta de 10,3% ante 2016.
Para os clientes, sempre é uma oportunidade de comprar produtos com preços vantajosos. Para os lojistas, a vantagem é girar o estoque, propagar a marca entre novos públicos e aumentar o faturamento, mesmo que com margem menor do que o habitual.
Nos pequenos e-commerces, os reflexos do maior evento de descontos também foi sentido: um levantamento da Loja Integrada, plataforma de criação de lojas virtuais, que reúne mais de 30 mil micros e pequenos negócios ativos, aponta que, só no dia 24, o faturamento atingiu a casa dos R$ 6 milhões.
De acordo com a pesquisa, que considera somente as 30 mil lojas que integram a plataforma, o pequeno varejo online fechou o mês de novembro faturando R$ 60 milhões puxados pela data de descontos - 30% a mais que o de igual período ano passado.
Ao mesmo tempo, o tíquete médio das compras também cresceu 38%, atingindo R$ 221. Entre os segmentos que mais faturaram estão Moda e Acessórios (21%), Casa e Decoração (8%), Cosméticos & Perfumaria (7%) e Esporte e Lazer (6%).
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Há alguns fatores que explicam o bom desempenho.
Primeiro: nos últimos anos, o pequeno lojista digital tem aumentado seu nível de profissionalização. Aqui cabe uma pequena explicação: a recente recessão causou enorme taxa de desemprego e forçou profissionais experientes a recorrer ao empreendedorismo, devido à dificuldade de recolocação profissional. E o e-commerce absorveu muitas dessas pessoas qualificadas, que elevaram a régua de sofisticação no pequeno e-commerce.
Segundo: a cada ano, a Black Friday tem sido mais assimilada na agenda do consumidor. De acordo com um levantamento do Ibope Inteligência, 87% dos consumidores brasileiros tinham a intenção de tirar a mão do bolso durante a data.
“Muitos já aproveitam para adiantar as compras de final do ano, reservando passagens aéreas e adquirindo presentes”, afirma Luiz Brandão, especialista em comércio eletrônico da Loja Integrada.
CUIDADOS COM A LOJA CONTINUAM
Ainda de acordo com o levantamento da Loja Integrada, o total de descontos aplicados pelos pequenos lojistas virtuais somente no dia 24 ficou em mais de R$ 333 mil. Considerando o mês de novembro como um todo, as promoções chegaram a R$ 2 milhões.
No entanto, a sede de vender mais pode fazer com que o empreendedor fique no vermelho após a data. E se o comportamento do consumidor repetir o da edição 2016, os lojistas manterão os descontos com o apelo “Black Friday” até depois do Natal.
De acordo com Brandão, há vários pontos críticos ao elaborar uma percentagem de desconto, e os lojistas, principalmente os pequenos, devem ficar atentos a eles para não perder dinheiro.
Um dos mais importantes é o nível de estoque. É recomendado analisar o histórico de vendas em períodos normais e o do período de promoção. A ideia é descobrir quais produtos tiveram mais saída em cada momento.
Produtos encalhados podem ter desconto mais agressivo – a ideia é se livrar deles, uma vez que estoque é custo. Itens com boa saída podem ter a margem reduzida levemente, mas é necessário mensurar o volume de pedidos para não deixar o cliente na mão.
Outro fator é mensurar o quanto a loja pode gastar em ações de divulgação.
“Os pequenos lojistas costumam recorrer a anúncios no Google e nas redes sociais e, de forma mais restrita, parceria com influenciadores digitais”, diz Brandão.
Do ponto de vista de usabilidade, é recomendado que a loja sempre faça testes operacionais para garantir a performance do site, uma vez que, mantendo a continuidade dos descontos, os acessos ao e-commerce devem continuar mais altos.
Uma informação que continua a valer para as próximas edições é sempre verificar a quantidade de visitas e de pedidos que o site comporta e os horários de picos de acesso. Essas informações podem variar de acordo com o investimento em campanhas online.
Há também uma ferramenta do Google, chamada de Page Speed Tools, que verifica a velocidade de carregamento do e-commerce e elimina elementos que causam lentidão nas páginas.
O aumento de pedidos puxado pelas promoções pode ser acompanhado do aumento de tentativas de fraudes, como pedidos realizados por robôs e compras com cartões clonados ou que não existem.
Para proteger a loja é necessário verificar, previamente, a validade do certificado SLL, que garante sigilo e criptografia dos dados que trafega no site
Mesmo se a loja fez tudo correto, mas errou na entrega, é bem provável que o consumidor não volte a comprar no site da marca. Então, é preciso verificar com o operador logístico as chances de demora maior nos prazos – inclusive antes e depois do Natal.
Caso houver risco de atraso, é recomendado alterar os prazos no site ou buscar alternativas de entregas complementares.
Fazendo a lição de casa, será mais fácil para o pequeno e-commerce conseguir superar as metas de 2017 com o apelo da data.
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