Potencial econômico do Vale do Paraíba multiplica número de franquias
Estudos apontam que cidades do Vale do Paraíba têm atraído cada vez mais investidores
As franquias vêm colhendo os frutos do sucesso da expansão para o interior paulista. Segundo especialistas, o desemprego tem feito esse modelo de negócios crescer. Em 2014, 80 lojas da modalidade foram abertas em São José dos Campos, a 90 quilômetros de São Paulo.
No entanto, mesmo se tratando de um mercado sólido, as franquias ainda geram dúvidas e incertezas. Custos, investimento, mercado, faturamento, capital de giro. De acordo com a ba}STOCKLER, consultoria especializada em franquia e varejo, esses são alguns dos impasses na vida de quem quer empreender.
Guilherme Siriane, 34 anos, sócio-diretor ba}STOCKLER, diz que o Vale do Paraíba é um mercado totalmente aberto para investidores que querem diversificar o portfólio e apostar em vestuário, serviços e alimentação. Segundo afirma, as cidades de São José dos Campos, Taubaté, Jacareí e Guaratinguetá têm grande importância para a evolução do potencial econômico da região. "O interior de São Paulo é muito importante para o mercado de franquias", diz.
O crescimento de franquias em São José dos Campos e Jacareí, por exemplo, está acima da média brasileira, com 7,7%. São José dos Campos ocupa a 5ª posição no Estado com o maior número de franquias; são 527. No ano passado, elas aumentaram 19% na cidade. Jacareí teve um crescimento ainda maior, de 21,1%.
CIDADE INTELIGENTE
Com o objetivo de mapear as cidades com maior potencial de desenvolvimento do país, a consultoria Urban Systems elaborou um ranking inédito com as 50 cidades mais inteligentes do Brasil. Ao todo, 70 indicadores foram avaliados, e São José dos Campos aparece na 12ª posição.
Na classificação por setores, o município se destacou em urbanismo e empreendedorismo. No quesito urbanismo, ficou na 3ª colocação, atrás apenas de Maringá (PR) e Ribeirão Preto (SP). Já no quesito empreendedorismo, São José ficou em 7º - as três primeiras do ranking setorial são Brasília, Rio de Janeiro e Campinas.
A facilidade para a emissão de documentos on-line, e as leis urbanísticas para o desenvolvimento da cidade foram alguns dos destaques para o bom posicionamento.
Itens como pavimentação, distribuição de água e coleta de esgoto foram citadas na análise que revela que São José dos Campos está além da média nacional.
A água, por exemplo, chega a 100% da população urbana da cidade, contra uma média de 93% para o Brasil. Além disso, 98,5% dos domicílios da cidade têm ruas pavimentadas em seu entorno, contra uma média brasileira de 81%. E o atendimento urbano de esgoto já atingiu 98,6% do município contra 53% de média nacional.
EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO
Para Felipe Cury, presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos), a presença de franquias em diferentes regiões do país confirma que a atividade comercial sempre evolui. De acordo com Cury, a abertura de franquias tem se tornado cada vez mais frequente e hoje, elas já são responsáveis pelo preenchimento de 60% dos centros comerciais, como os shoppings.
“Antes de 2013, esse setor representava um investimento de meio bilhão de reais, em cerca de 2.500 lojas no Vale do Paraíba”, diz. “De lá pra cá, as lojas franqueadas cresceram 359%. Ou seja, a prática se consolidou no interior.”
Cury também cita o fortalecimento do e-commerce no interior. Desde outubro do ano passado, a ACI oferece um serviço de apoio de mídia digital para os empresários interessados em vendas online – que consiste em elaborar sites e divulgá-los na região.
Atualmente, São José dos Campos está entre as dez cidades brasileiras com maior índice de compras pela internet. No entanto, essas compras não são realizadas em lojas locais.
“É isso que a ACI quer mudar, lançando duas plataformas de e-commerce. Os estabelecimentos de São José dos Campos têm grande potencial e devem se inserir no mercado online.”
De acordo com Cury, o potencial de crescimento é maior no comércio eletrônico. “A evasão de vendas em São José dos Campos, por causa do e-commerce, pode chegar até R$500 mil reais em um ano. A solução é adotar essa medida e fazer com que os joseenses comprem produtos pela internet, mas de lojas daqui da cidade”, diz.
*Foto: Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo