“O melhor marketing é o meu trabalho”.
Alexandre do Nascimento (foto) tem uma oficina de consertos de aparelhos eletrônicos no centro de São Paulo. Investiu a indenização que recebeu para abrir o negócio
Há oito anos, Alexandre Alves do Nascimento resolveu sair da empresa em que trabalhava, especializada em consertos e manutenção de equipamentos eletrônicos. Na cabeça, a ideia de abrir um negócio próprio, no mesmo ramo da firma em que trabalhava.
Na conta bancária, um capital de R$ 5 mil da indenização que recebeu. Era todo o dinheiro que tinha.
Partiu em busca de um espaço para atender os clientes, muitos deles conquistados no tempo em que trabalhou como empregado.
Conhecimento técnico da área não lhe faltava. Alexandre, hoje com 35 anos, tem nível superior. É formado em ciências da computação. E fez cursos paralelos sobre o assunto, tais como programação, técnica em informática e linguagem da computação.
“A tecnologia sempre foi o meu foco, desde a adolescência. Trabalho nisso há 16 anos”, diz ele, paulistano da Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo.
Dono de um estilo despojado, barbudo, camisa colorida sobre a calça jeans. Lembra um youtuber, daqueles que são sucesso nas redes sociais fazendo tutoriais.
Encontrou uma sala em uma galeria, com entradas pela Sete de Abril e Barão de Itapetininga, no centro, onde abriu a CCN Assistência Técnica. O preço do aluguel, R$ 1,5 mil, mais despesas com água e luz não assustaram o novo empreendedor. E ainda teve de comprar equipamentos para dar início ao projeto. O dinheiro investido na compra de um microscópio, que serve para analisar a placa do aparelho com defeito, e de outros equipamentos também não o desmotivou.
Do faturamento, que varia de R$ 7 mil a R$ 15 mil mensais, paga o condomínio e o aluguel da sala.
Alexandre se dedica a fazer os consertos dos celulares, notebook, tablet e computadores.
Ele já era conhecido na região quando trabalhava como empregado. Como dono de oficina, é difícil encontrar alguém que mexa com equipamentos eletrônicos na vizinhança que não o conheça.
“A maioria dos clientes me procuram por indicações. Na região, existem várias oficinas. A concorrência é grande. Eu procuro ser o mais transparente possível. Quando o cliente chega com o aparelho, eu conserto na frente dele. Ele acompanha todo o procedimento. Faz parte da relação de confiança”, diz.
Alexandre não escolhe aparelhos eletrônicos para consertar. Dos equipamentos mais caros aos mais baratos, todos passam por ele.
“Faço serviços que custam de R$ 80,00 a R$ 1,5 mil. O orçamento é gratuito. Mas deixamos o cliente à vontade para avaliar o que é melhor para ele”, afirma.
Cabe ao cliente avaliar se o preço do conserto compensa, ou se é melhor comprar um aparelho novo.
“Mas posso garantir que hoje em dia, com a crise econômica, os clientes, sem poder de compra, estão preferindo consertar o aparelho do que adquirir um novo. E muitas vezes eles mandam consertar o que está com defeito para dar de presente para um parente, um amigo, ou até mesmo para vender. É a crise, amigo”, conta, rindo.
Alexandre conta que o valor sentimental ou até mesmo a dificuldade em se adaptar aos equipamentos mais modernos, pesam na hora de o cliente decidir se deve deixar o celular, tablet, ou até mesmo o notebook para consertar.
Na oficina, Alexandre também vende acessórios para celular, carregadores de telefone e outros produtos similares.
Alexandre não tem na família ninguém que tenha sido empreendedor. O pai sempre foi empregado. A mãe, dona de casa.
SEMPRE QUIS SER EMPREENDEDOR
“Comecei a trabalhar convicto de que eu queria ter um negócio próprio”, diz.
Alexandre faz serviços que nem todos técnicos em informática conseguem realizar, como reparos de software.
“Eu tenho equipamentos avançados, que fazem reparos em geral e em software. Também troco telas e faço resparos em placas e configuração. E coloco antivírus”, avisa ele.
Em sua oficina, entram de 15 a 20 clientes por dia. Mas ele também faz serviços para empresas. Alexandre só não faz trabalho a domicílio. Alega que, como não tem funcionários, ficaria difícil atender aos chamados.
“Um serviço que o cliente diz que pode ser feito em uma hora, pode precisar de muito mais tempo. Não tenho disponibilidade para isto”, afirma.
O próximo passo será investir no e-commerce. Alexandre pretende vender seus serviços pela internet. Por enquanto, ele pode ser encontrado no Facebook, Instagram e WhatsApp.
“Não me vejo fazendo outra coisa. Tenho prazer no que faço. O meu melhor marketing é o meu trabalho”.
SÓCIO DA ACSP
Ele é sócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) há três meses.
“Foi uma amiga que disse para eu ficar sócio da associação. A entidade tem muitos produtos que me interessam. Além disso, me dá orientações sobre empreendedorismo”, disse ele.
O avanço, quase diário, da tecnologia faz com que alguns serviços, comuns num passado não muito distante, comecem a ficar raros hoje em dia. Um deles é o conserto de CPUs, que Alexandre fazia com frequência e que atualmente está cada vez mais difícil aparecer na loja.
É que nos dias de hoje os CPUs saem das fábricas acoplados ao monitor.
“Faço questão de executar o serviço aqui, bem perto do cliente. Transparência é tudo”, diz.
Não faz segredo do seu faturamento. Afirma que o seu trabalho rende R$ 10 mil mensais, bruto. Desta quantia, tira R$ 1,5 mil para pagar o aluguel e o condomínio da sala.
E tem um lema: “O meu melhor marketing é o meu trabalho”.
Grande parte de seus clientes é de pessoas físicas. Mas também presta serviços de manutenção de equipamentos eletrônicos para empresas. Como é muito conhecido na região, muitos donos de lojas que vendem acessórios para celulares indicam clientes para ele. Entre estes clientes, estão donos de restaurantes, de cafeterias, enfim, comerciantes em geral.
“Como atendo bem e sou transparente e honesto no que faço, quem vem aqui, gosta e indica o meu serviço para parentes, amigos. Depois de vir aqui uma vez, o cliente diz assim: o cara é bom, pode ir lá. Assim, vou aumentando a minha clientela”, afirma ele.
FOTO: Wladimir Miranda/Diário do Comércio