No rastro do agronegócio, a rede Zema se expande no interior
Com faturamento anual de R$ 1,4 bilhão, a empresa planeja abrir mais 35 lojas de móveis e eletrodomésticos em cidades com cerca de 10 mil habitantes
O bom desempenho do agronegócio, setor que movimentou pouco mais de R$ 1 trilhão no ano passado, tem contribuído para minimizar os efeitos da crise em lojas instaladas em regiões produtoras de commodities.
Com faturamento de R$ 1,4 bilhão anual e 510 lojas no interior de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Bahia e Espírito Santo, a Zema planeja abrir mais 35 lojas de móveis e eletrodomésticos até o final deste ano, principalmente em áreas produtoras de grãos.
“Começamos o ano com o menor crescimento de vendas desde a crise de 2008. Mas, ainda assim, estamos crescendo”, afirma Romeu Zema Neto, diretor geral da rede (na foto). A Zema está concentrada em cidades com cerca de 10 mil a 15 mil habitantes.
Com tíquete médio de R$ 350, a Zema atende o público de menor poder aquisitivo e, por isso, tem se destacado nas vendas de eletrodomésticos maior porte, como os modelos de fogões e freezers que nem sequer entram em elevadores de apartamentos de grandes cidades.
"Nas cidades do interior as pessoas vivem predominantemente em casa, por isso gostam de instalar nas varandas esses eletrodomésticos", diz.
Foi a familiaridade com esse público que levou a Zema a crescer fortemente em sua região, inclusive com a compra de lojas menores, que não conseguiram resistir às crises da economia. É a própria empresa que banca o crediário, com prazos de pagamento que chegam a até 15 meses.
“O cliente do interior, muitas vezes, tem dificuldade em provar renda para as instituições financeiras, pois não possui carteira assinada, mas são velhos conhecidos dos lojistas", afirma o diretor geral da rede.
Todo esse conhecimento é cobiçado pela concorrência. “Por enquanto, não temos interesse em abrir o capital, até porque temos conseguido crescer com os nossos próprios recursos”, diz.
A história da Zema começa em 1898, quando o casal Demétrio Zema e Santa Marra e cinco filhos deixaram a Itália com destino ao Brasil. A cidade onde a família se instalou foi Cravinhos, perto de Ribeirão Preto (SP), para trabalhar em fazendas de café.
Pouco tempo depois, Domingos Zema, avô de Romeu, contraiu malária e, para se cuidar, acabou indo para Araxá (MG), para fazer tratamento com águas de estâncias da cidade. Curado, e depois de trabalhar como motorista, começou a alugar carros e acabou abrindo em 1923 uma pequena loja de peças, acessórios e combustíveis. O maior negócio da empresa chegou a ser o de concessionária de veículos.
No setor de eletrodomésticos, a família entrou em 1991. Até hoje, os postos de gasolina e as lojas de eletrodomésticos dos Zema convivem nas mesmas regiões.
Romeu diz que para ter sucesso em um negócio, assim como a sua família, é preciso conhecer muito bem o mercado em que vai atuar: “Vejo muita gente querendo abrir um negócio com ideias, não com suor. Trabalho de 11 a 12 horas por dia.”