Na 1ª quinzena de abril, vendas do comércio paulistano caem 65,5%
Resultado médio do período reflete medidas restritivas para conter a propagação da epidemia, segundo o Balanço de Vendas da ACSP
Nem a Páscoa ajudou: na primeira quinzena de abril, as vendas do comércio paulistano registraram queda média de 65,5% ante igual período de março. Os dados são do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O resultado é reflexo das medidas restritivas implantadas a partir de 23 de março último pelo governo estadual para evitar aglomerações e conter a propagação da epidemia do novo coronavírus.
Pelo levantamento, o movimento de vendas a prazo caiu 54,5% no período. Já as vendas à vista recuaram 76,4%. Na comparação com a primeira quinzena de abril de 2019, quando o cenário era outro, o resultado ficou praticamente parecido: queda de 53,6% nas vendas à prazo, e de 77,1% no movimento à vista.
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Apesar da continuidade do funcionamento de atividades como supermercados, farmácias, do delivery e do e-commerce, a queda muito forte nos indicadores de vendas mostra realmente os efeitos do isolamento social na atividade do comércio, segundo Marcel Solimeo, economista da ACSP.
"Dá para notar que a perda é muito grande. Principalmente em comparação a um período em que o crescimento da economia já não era brilhante e caminhava a passos lentos", afirma.
Porém, ainda que as medidas de restrição no estado, que foram estendidas até o próximo dia 22 de abril, não continuem, a retomada será lenta, segundo o economista. Alguns segmentos se recuperarão mais rápido, mas outros vão levar mais tempo - como é o caso do segmento turístico e de entretenimento em geral.
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"Os restaurantes, por exemplo, passarão um tempo longe do movimento que tinham antes, até que as pessoas possam ou tenham disposição para voltar a consumir", afirma. "Tudo depende da duração das medidas restritivas: quando tudo reabrir, não é do dia para a noite que o movimento entrará no ritmo de antes."
O Balanço de Vendas é elaborado pelo Instituto de Economia da ACSP, com base em amostra fornecida pela Boa Vista Serviços.
FOTO: Karina Lignelli