Morre Sergio Marchionne, o CEO que salvou a Fiat
Responsável pela vigorosa recuperação da companhia italiana, ele estava internado em um hospital de Zurique, após complicações de uma cirurgia
A abrupta antecipação do fim de uma era na Fiat fez as ações da montadora fecharem em queda nessa segunda-feira (23/07), na Bolsa de Milão.
Diretor-presidente da Fiat-Chrysler, que inclui ainda marcas como Ferrari e Jeep, Sergio Marchionne, 66 anos, havia sido afastado do comando do grupo após sofrer complicações de uma cirurgia e está internado em estado crítico.
Ele morreu nesta quarta-feira (25/07), aos 66 anos de idade, em um hospital de Zurique, na Suíça, onde estava internado em estado grave.
O executivo é considerado o "salvador" da companhia, recuperando a multinacional italiana e transformando-a mais uma vez em uma potência internacional.
O baque foi sentido pela Fiat - cujas ações chegaram a cair 4% no pregão de segunda-feira, fechando em queda de 1,5% -, ainda que a aposentadoria de Marchionne estivesse programada para 2019.
A companhia já anunciou um substituto: Mike Manley, de 54 anos, vai assumir o grupo. Britânico, Manley vinha comandando os negócios nas marcas Jeep e os caminhões Ram, duas das unidades mais rentáveis da Fiat.
Quase uma década e meia atrás, ao entrar pela primeira vez na Fiat, Marchionne fez um diagnóstico nada lisonjeiro sobre a companhia: "Esse lugar cheira a morte." Na época, o grupo somava dívidas de ? 14 bilhões, após um prejuízo global de ? 1,6 bilhão no ano anterior. A italiana era, então, considerada uma empresa moribunda.
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Até então desconhecido nos meios empresariais italianos, Marchionne foi descoberto pela família proprietária da montadora após a morte de Umberto Agnelli, último do clã a exercer a presidência. A recuperação começou com a renegociação de dívidas e um choque de gestão. Mesmo seus colaboradores mais próximos eram observados e, eventualmente, defenestrados pelo chefe.
Foi o que aconteceu com o todo-poderoso presidente da Ferrari Luca de Montezemolo, demitido em 2014 apesar de ter projetado a marca internacional da fabricante de automóveis de luxo e construído uma escuderia vencedora na Fórmula 1, em parte graças ao piloto Michael Schumacher.
Ao longo dos anos de poder, Marchionne superou as resistências, renegociou de contratos trabalhistas, fechou fábricas e conseguiu cortes de dívidas e acordos inesperados para a injeção de recursos no caixa da empresa.
Em 2009, quando a Fiat ainda era considerada uma empresa em crise, e o setor automotivo enfrentava a turbulência financeira internacional, o empresário surpreendeu o mundo com a aquisição da Chrysler - e sem pagar nada por ela.
Orgulho industrial italiano, a Fiat passou a ser negociada nas bolsas de valores de Wall Street e de Milão. Comandado a partir de Detroit, nos Estados Unidos, e de TuriM, na Itália, o novo grupo ganhou espaço e hoje vale mais de US$ 60 bilhões, dez vezes mais do que em 2004, em boa parte por causa da Jeep.
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Internado para uma cirurgia nos ombros descrita como banal, Marchionne agora estava internado em Zurique, na Suíça, em estado descrito pela companhia como "irreversível".
Além de anunciar o novo presidente, John Elkann, neto de Gianni Agnelli, discípulo de Marchionne e diretor presidente do fundo Exor, holding familiar que detém 30% da Fiat e 23% da Ferrari, assumirá a marca de automóveis esportivos de luxo.
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