Harley-Davidson reajusta preços para estancar prejuízo
A marca apresenta amanhã (7/10), no Salão Duas Rodas, em São Paulo, a linha 2016 com um aumento médio de 25% para o consumidor
Até aquele sonho de liberdade vendido em duas rodas ficou mais caro. Com dificuldades por causa da desvalorização cambial, a Harley-Davidson, centenária fabricante norte-americana de motocicletas, decidiu aumentar os preços no Brasil para estancar as perdas, já que, depois de anos de bons resultados, a operação pode até dar prejuízo no ano que vem.
A marca apresenta amanhã (7/10), no Salão Duas Rodas, em São Paulo, a linha 2016 com um aumento médio de 25% nos preços para o consumidor.
Com a montagem no regime CKD em Manaus, a empresa também reduziu custos para absorver a alta de 50% do dólar somente este ano.
Ainda assim, o modelo mais barato da linha 2016 da Harley sairá por R$ 42,9 mil. "A variação cambial deste ano é mais do que nós poderíamos arcar. Não esperávamos que o dólar fosse chegar a R$ 4", diz o diretor de marketing da Harley-Davidson do Brasil, Flávio Villaça.
Segundo ele, a marca tomou a decisão no curtíssimo prazo de não alterar os valores, mas a situação se tornou "insustentável". A Harley-Davidson viu a economia brasileira passar de queridinha a patinho feio.
Em 2011, a marca encarou uma disputa judicial para assumir o controle das concessionárias no País, de olho em um mercado consumidor numeroso e com mais dinheiro para gastar.
Em três anos, as vendas explodiram 145% e atingiram o pico de 8.240 unidades vendidas em um único ano. Em 2014, no entanto, os números começaram a engasgar. As vendas caíram 10% e, neste ano, caminham para uma queda no mesmo ritmo.
Segundo Vitor Meizikas, gestor de produto da Molicar, consultoria especializada no setor automotivo, o efeito da crise nas fabricantes de motos de alta cilindrada ainda é limitado.
"As empresas estavam trabalhando com estoques e agora vão sentir com mais força o efeito do câmbio sobre os custos", diz. Potencial Villaça admite, que, "eventualmente", a operação no Brasil pode dar prejuízo em 2016. "Tudo depende do câmbio."
Mas, independentemente do que aconteça ano que vem, a Harley diz manter a operação no País com foco no longo prazo. "Uma hora, essa crise vai passar. E nessa hora estaremos prontos para aproveitar o potencial do mercado brasileiro." Há mais gente interessada nesse mercado: a americana Indian - concorrente direta da Harley nos EUA - inicia suas operações no Brasil ainda neste ano.
Outra fabricante de motos de alta cilindrada, a inglesa Triumph nem pensa em tirar os olhos do Brasil. Por enquanto, vai investir em promoções para aproveitar a euforia do Salão Duas Rodas. "Estamos no meio de um momento de grande volatilidade, então vamos acompanhar a variação cambial antes de reposicionar os preços da marca", diz o gerente-geral da Triumph no Brasil, Waldyr Ferreira.