Ao investir R$ 60 milhões na aquisição, o objetivo da Caoa, presidida por Mauro Correia (foto) é lançar novos produtos a partir de 2018 e atingir, em cinco anos, 5% de participação de mercado
| Agência de notícias do jornal O Estado de S.Paulo
O grupo Caoa, que controla concessionárias de três marcas e produz automóveis da Hyundai em Anápolis (GO), decidiu apostar no crescimento da chinesa Chery no Brasil.
A empresa brasileira adquiriu 50% da operação local da montadora chinesa, conforme acordo anunciado neste sábado (11/11).
A companhia pagará cerca de US$ 60 milhões pelo negócio, que inclui uma fábrica na cidade paulista de Jacareí e a rede de revendas.
Inaugurada em junho de 2014, pouco antes da eclosão da crise econômica que fez o Produto Interno Bruto (PIB) recuar nos três anos seguintes, a fábrica da Chery consumiu US$ 400 milhões em investimentos e tem capacidade para produzir até 50 mil carros por ano.
A companhia, no entanto, nunca chegou a montar mais de 10 mil unidades ao ano. A Chery buscava um sócio para a operação brasileira desde o início do ano passado.
A Caoa começou a negociar a parceria com os chineses ainda em 2016, afirma Mauro Correia, presidente do grupo.
Depois de um período em que as conversas foram interrompidas, as partes voltaram a se falar neste ano.
Entre idas e vindas, o executivo diz que as conversas levaram menos de 18 meses, o que ele considera um período curto para um acordo desse porte. A nova empresa passará a se chamar Caoa Chery.
Correia espera que o conhecimento que a Caoa tem do mercado local possa ajudá-la a concretizar projetos que a Chery, sozinha, não conseguiu levar adiante.
Além de produzir carros da Hyundai, a companhia nacional tem concessionárias da marca coreana, da japonesa Subaru e da americana Ford.
PLANOS
De acordo com Correia, os planos para os próximos anos são ambiciosos: o objetivo da Caoa é lançar novos produtos a partir de 2018 para chegar, depois de um período de cinco anos, a uma participação de 5% no mercado brasileiro de automóveis.
"Vamos complementar o portfólio e também reforçar a rede de distribuição, além de usar a nossa capacidade de marketing", diz o executivo. "Acredito que essa meta é até conservadora."
Atualmente, a Chery tem apenas dois modelos produzidos no Brasil: o QQ, carro mais barato do País, e o Celer. A companhia tem na manga outros produtos que teriam boa aceitação no Brasil, de acordo com Correia.
Os automóveis da chinesa poderiam ser opção de bom custo-benefício para que consumidores que hoje usam carros mais básicos possam ter acesso a opções de veículos de maior valor agregado.
"Vamos oferecer produtos com tecnologia de ponta e design moderno para que o consumidor possa acessar uma nova categoria, a preços bem competitivos", diz o presidente da Caoa.
TIGGO
O executivo não revelou quais modelos pretende trazer ao Brasil, mas a própria Chery chegou a anunciar investimentos ambiciosos em projetos como o SUV Tiggo, que acabaram sendo adiados por causa da forte retração do mercado no País.
A produção da pré-série do utilitário-esportivo teve início em julho, na fábrica de Jacareí (SP). Por ora, os carros que estão saindo da planta servem para alinhar a montagem e os processos de fabricação.
Segundo as informações divulgadas pela Chery durante o Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, o Tiggo 2 será rival de SUVs compactos como Ford EcoSport, que parte de R$ 76.990, e Renault Duster, cuja tabela começa em R$ 69.490.
O Tiggo 2 será vendido no Brasil com motor 1.5 e, inicialmente, câmbio manual. A opção de transmissão automática CVT (com relações continuamente variáveis) será oferecida após alguns meses do lançamento. De série, o utilitário trará itens como airbags laterais e controle de estabilidade, entre outros.
Atingir a meta de 5% de mercado faria a Chery ter uma fatia superior à exibida hoje por concorrentes como a Nissan e a Jeep -que detêm, respectivamente, 2,98% e 3,87% do total de emplacamentos de veículos, segundo o relatório da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) referente a outubro.
Hoje, a liderança do setor de veículos é da americana General Motors, com 19,33%, seguida pela Ford (11,07%), Volkswagen (10,71%), Hyundai (10,31%) e Fiat (8,93%).
FOTOS: Patricia Cruz e José Patrício/Estadão Conteúdo
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