Com a baixa procura devido ao clima quente, nova coleção outono-inverno não emplacou. No primeiro quadrimestre do ano, a queda atingiu 12,7% sobre igual período de 2015
Mesmo sendo um mês sazonalmente mais fraco, abril manteve a trajetória de queda nas vendas do varejo. Dessa vez, o motivo foi outro: o veranico em pleno outono, que ajudou a derrubar as vendas do comércio paulistano, teve queda média de 8,3% ante março.
Na comparação com abril de 2015, o resultado ficou praticamente igual, com média de -8,4%, segundo dados do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
No acumulado do ano, porém, a queda no movimento de vendas a prazo e à vista ficou em 12,7%. Separadamente, o setor apresentou recuos de 8,8% nas vendas a prazo e de 16,6% nas comercializações à vista.
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Além de poucas lojas investirem na nova coleção outono-inverno, a baixa procura por agasalhos, jaquetas e botas influenciou o indicador de vendas à vista que, sozinho, caiu 14,4%. No caso das vendas a prazo, a queda foi menor: 2,2% ante março, e 1,3% ante abril de 2015.
“As vendas de bens não duráveis, comercializados principalmente à vista, caíram mais do que as vendas a prazo por causa do calor insistente e atípico que tomou conta da cidade em abril, o que impediu que a moda outono-inverno tomasse as vitrines e araras das lojas. Assim, prejudicou significativamente os segmentos de calçados e vestuários”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Já a falta de confiança do consumidor, de modo geral, explica o declínio dos bens duráveis. “As pessoas estão inseguras, ou simplesmente não têm dinheiro para comprar itens de maior valor a prazo”, completa Burti.
A compra de presentes como bolsas, calçados e roupas para o Dia das Mães provavelmente deve diminuir a queda nas vendas nesta primeira quinzena de maio, afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP.
“As lojas demoraram a investir na coleção outono-inverno, e espera-se que, com essa mudança de clima, a queda caia para algo em torno de 5% a 7%”, diz Alfieri. “Mas, se não fizer frio de verdade, ela já entrará em liquidação em junho ou julho.”
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No caso das vendas de bens duráveis, que já vinham caindo há diversos meses, a queda foi menor devido à estratégia do “prazo estendido”, que ajudou as vendas de móveis eletroeletrônicos e eletroeletrônicos para atrair a caírem menos.
“Grandes cadeias varejistas não estão nem exigindo entrada e parcelando em 18 vezes no carnê. Nesse caso, a queda da massa salarial não influenciou, nem impediu o consumidor de comprar”, afirma o economista.
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Para os próximos meses, porém, a tendência é de volatilidade no indicador de compras a prazo meses, sinaliza Alfieri.
“Exceto por artigos com apelo tecnológico, como smartphones, o consumidor ainda está inseguro quanto ao emprego e atento à alta nos juros. Uma hora pode ser que ele compre, outra não. E assim vai ser”, conclui.
Foto: Thinkstock
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