Foliões lotam as lojas em busca de fantasias
O aumento do número de blocos em São Paulo – hoje já somam 491 - é um ingrediente a mais para que milhares de pessoas busquem fantasias nas lojas especializadas
No Carnaval passado, o protagonista foi, disparado, Donald Trump. Este ano ainda tem quem vá às imediações da rua 25 de março, na Ladeira Porto Geral para ser mais preciso, atrás de mascaras. Trump e Lula continuam vendendo bastante. Mas quem faz sucesso mesmo em 2018 é Salvador Dalí.
O pintor surrealista catalão (1904/1989) não está nas ruas graças à sua rica obra, que combinava imagens oníricas com uma magnífica qualidade plástica.
Dalí virou máscara por influência do seriado espanhol “La Casa De papel”, sobre um grupo que assalta a Casa da Moeda em Madri e, como disfarces, os integrantes do bando usam e obrigam suas vítimas a também usarem máscaras de Dalí.
Mas quem planejava sair por aí nos blocos e no sambódromo disfarçado de Dalí, como no seriado espanhol da Netflix, pode procurar um plano "b". Sua máscara esgotou nas melhores casas do ramo, como as três filiais da Festas e Fantasias, ou na Millor, na Porto das Festas e na A + Bella Fantasias.
Na Festas e Fantasias, o adereço custava R$ 8,00. A busca pela máscara foi grande. No início da semana já não havia mais nenhuma unidade no estoque.
“Não tem mais. E não adianta mandar comprar. Quem tinha de comprar, comprou”, avisa Pierre Sfeir, o libanês que é dono dos três estabelecimentos.
Mas não é só a máscara de Dalí que vendeu rápido. Confetes e colar de havaiana, são outros acessórios para o Carnaval que sumiram das prateleiras.
Nesta semana, as filas dos caixas em todas as casas de fantasias da região da 25 de Março eram enormes. A Festas e Fantasias não aceita cartões de crédito ou de débito. Segundo Pierre Sfeir, o proprietário, a norma faz sentido.
“O gasto médio dos nossos clientes é de R$ 12,00. A loja é democrática. Os preços são baixos. Por isso, não há necessidade de trabalhar com cartões”, afirma.
Desde o início de fevereiro, o movimento tem sido avassalador nas lojas especializadas. “O movimento aumentou 50%. Se o Carnaval de 2017 foi o do desabafo, este ano é o da consolidação”, diz ele.
Quem quer brilhar nos blocos da cidade, corre para as lojas da Ladeira Porto Geral atrás de acessórios como óculos, chapéus, máscaras e lantejoulas.
O aumento do número de blocos registrado nos últimos anos – hoje a cidade já conta com 491 blocos -, faz a alegria de Pierre e dos comerciantes do setor.
As mulheres são a maioria dos clientes deste tipo de estabelecimento. “80% dos que compram acessórios para o Carnaval são mulheres. Elas chegam, escolhem, pagam e levam. O gasto pode não ser alto, mas o grande número de clientes compensa o valor do produto”, afirma.
Do início do mês até agora, as lojas do segmento da região tiveram uma média de 4 mil clientes por dia.
“Hoje aqui, posso dizer sem errar que temos mais de mil pessoas nas minhas três lojas”, disse Pierre Sfeir, esfregando as mãos no meio da fila de quem esperava a vez para pagar.
IMAGENS: Wladimir Miranda/Diário do Comércio