Banco do Brasil prevê liberar R$ 3,1 bi para o setor automotivo
Instituição pretende ainda ampliar acordos com desembolsos de R$ 9 bilhões, que podem beneficiar 500 empresas
O Banco do Brasil vai antecipar a fornecedores da cadeia automotiva R$ 3,1 bilhões até o final deste ano, no âmbito do protocolo firmado com o setor, contemplando 26 empresas.
Além disso, a instituição anunciou que, a partir da ampliação de acordos do gênero, pretende alcançar 500 empresas com desembolsos de aproximadamente R$ 9 bilhões de diversos setores produtivos, como cooperativas, incorporadoras e grandes empresas exportadoras.
No setor automotivo, o protocolo conta com o empenho da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) na intermediação de acordos de cooperação financeira e comercial entre o BB e associadas.
Segundo o banco, o risco de crédito dessas operações de antecipação de recursos são reduzidos por meio de compromissos assumidos pelas empresas âncoras, permitindo que as condições e taxas para empresas do início da cadeia produtiva tenham vantagens semelhantes.
Em um primeiro momento, os acordos celebrados entre o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal com as principais associações do setor automotivo terão um impacto "marginal" sobre o mercado de trabalho, na avaliação do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Roberto Butori.
Na avaliação de Butori, os reflexos destas propostas no mercado de trabalho se darão no longo prazo, à medida que o crédito contribuir para a retomada da cadeia automotiva com aumento do número de pedidos, retomada da produção e, por consequência, maior necessidade de mão de obra.
Para ele, houve demora na adoção de iniciativas como as anunciadas e também do Plano de Proteção ao Emprego, proposto pelo governo federal. "Em 2012, nós já havíamos proposto o PPE, mas o governo não aceitou."
O BB anunciou ainda que vai lançar um modelo de relacionamento com revendas de máquinas, equipamentos agrícolas e caminhões. Com apoio da Anfavea e da Fenabrave, a meta do BB é cadastrar até o final deste ano mais de mil revendas. No piloto, o prazo de liberação de financiamentos reduziu de 67 para 14 dias.
CAIXA
Na terça-feira,18, a Caixa Econômica Federal também firmou convênio com a Anfavea, o Sindipeças e a Fenabrave para apoiar o setor automotivo. A expectativa do banco é liberar aproximadamente R$ 5 bilhões até o fim de 2015 em linhas de capital de giro e de investimento com juros mais baixos e prazos maiores às empresas do setor.
Novamente, o governo recorre aos bancos públicos para impulsionar a economia. Desta vez, porém, a oferta está centrada nos fabricantes, ou seja, na cadeia produtiva, e não nos consumidores.
Após o excesso de oferta em 2010, alguns bancos passaram a restringir a liberação de recursos para a compra de veículos em meio ao estrago que as linhas sem entrada e de 90 meses geraram nos calotes. As condições hoje são muito mais rigorosas, incluindo maior entrada e menor prazo.
Ao final de junho, o BB somava carteira de crédito a veículos (pessoa física) de R$ 31,9 bilhões, cifra 1,3% menor ante março e 3,9% inferior na comparação anual. O banco que mais tem restringido o crédito para a compra de veículos é o Itaú. A instituição, que chegou a ter uma carteira de R$ 60 bilhões no passado, encerrou junho com montante de R$ 23,8 bilhões, volume 9,7% menor ante março e recuo de 30,2% em um ano.
No Bradesco, as quedas foram de 3,3% e 8,2%, respectivamente, para R$ 23,2 bilhões. Apesar disso, firmou, em julho último, acordo com a FCA Fiat Chrysler Automóveis Brasil (FCA Brasil) e o banco Fidis para ter exclusividade em financiamentos de marcas da fabricante e espera ter uma carteira de R$ 2 bilhões em dois anos. A instituição vai dar crédito para vendas das marcas Jeep, Chrysler, Dodge e RAM por dez anos.
O Santander acompanha seus pares privados e reduziu sua carteira de crédito a veículos em 4,1% em doze meses, e de 3,2% no segundo trimestre ante o primeiro, para R$ 32,039 bilhões.