Avança o protagonismo infantil nas decisões de consumo
Com mais acesso à internet e empoderadas, crianças e bebês estão mudando ambientes comerciais e inspirando novos produtos e serviços para um mercado que cresce 14% a cada ano no Brasil
No Youtube e nas redes sociais, as crianças têm milhões de seguidores e ajudam empresas a faturar cada vez mais.
Um levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostra que as franquias que atendem o público infantil obtém uma receita superior a R$ 2 bilhões por ano em um segmento de mercado com crescimento médio anual de 14%.
No Brasil, o mercado de moda infantil movimenta US$ 8,4 bilhões em valores de produção, segundo números da ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.
Com tanto protagonismo, elas estão mudando ambientes como restaurantes, salões de beleza e lojas especificas para adultos e norteando a abertura de novos negócios, como, por exemplo, academia para bebês.
Já com algumas concorrentes nesse nicho, a Baby Gym atende exclusivamente, alunos de dois meses a quatro anos com planos a partir de R$ 240 por mês.
O objetivo é aprimorar o potencial psicológico, cognitivo e social da garotada, por meio de atividades adequadas para cada etapa do desenvolvimento.
Desde que foi criada, em 2014, a metodologia se espalhou pelo País. Atualmente, a Baby Gym opera 14 unidades no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais e São Paulo. A meta da empresa é dobrar o número de franquias até o final de 2019.
A ideia do negócio surgiu quando os pais Lucas Silva e Laura Bego, buscavam uma atividade dirigida para o filho de um ano, em que também pudessem participar diretamente das aulas, como ocorre com as famílias na natação, por exemplo.
Comum em outros países, o modelo ainda não existia em Porto Alegre. Hoje, a empresa é formada por uma equipe multidisciplinar, composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos com experiência em atividades na primeira infância e desenvolvimento infantil. Cada turma recebe, no máximo, seis bebês por aula, que tem duração de uma hora.
DE ADULTO PARA CRIANÇA
Receber bem famílias com crianças também é importante para fidelizar clientes em outros tipos de comércio. Percila Paloma, gerente de vendas, da Nogueira Brinquedos, em São Paulo, que comercializa brinquedos e máquinas eletrônicas para estabelecimentos comerciais, diz que a adaptação de ambientes é uma tendência.
“São diversos modelos de negócio que estão se beneficiando com esse tipo de espaço, o investimento nestes ambientes atrai novos clientes e agrega valor para comércio ou centro comercial”, diz Percila.
São piscinas de bolinha, brinquedoteca, simuladores e games que entretém a garotada enquanto os pais jantam ou fazem compras, por exemplo.
Os produtos da marca custam a partir de R$ 2,5 mil, enquanto um espaço kids sai em média por R$ 30 mil.
“Conseguimos instalar equipamentos de entretenimento em qualquer lugar, há games que ocupam uma área inferior a um metro quadrado e uma brinquedoteca completa pode ser projetada a partir de 40 metros quadrados”.
A Playtable, uma mesa digital com jogos educativos, também nasceu dessa necessidade. Certa vez, um dos fundadores da Playmove, empresa que desenvolveu o produto, percebeu que boa parte das mesas do restaurante em que ele jantava tinha crianças com tablets nas mãos.
A cena que se repete em tantas outras ocasiões despertou a atenção do executivo para criar uma alternativa menos solitária para a criançada.
“As crianças ficam praticamente isoladas com um celular nas mãos, sem interação com o ambiente em que estão e onde muitas vezes há outras crianças da mesma idade”, diz Cristiano Sieves, gerente de marketing e consultor em ludopedagogia da Playmove.
O brinquedo é uma espécie de tablete gigante em formato de mesa em que alguns jogos são disponibilizados para os pequeninos. Restaurantes, hotéis, lojas de shopping, comércios de moda e afins investem cerca de R$ 7 mil na ferramenta a fim de tornar seus estabelecimentos kids friendly.
De acordo com Alexandre Miserani, especialista em gestão de negócios, muitos comerciantes passaram a se preocupar com o entretenimento infantil.
Miserani diz que a mudança na estrutura familiar, em que a maioria das mães trabalha fora de casa, exige que alguns ambientes sejam repensados para o núcleo familiar.
“As mães já ficam longe dos filhos durante o expediente, na hora de jantar, ir ao salão ou a qualquer outro lugar, tem preferência quem acolhe melhor a família como um todo”, diz.
Além disso, o especialista explica que desde que as crianças passaram a participar das redes sociais e aprender educação financeira nas escolas, elas passaram a ter voz ativa nas decisões de consumo da família como um todo.
FOTO: Pixabay e Divulgação