A britânica Lush se despede do Brasil. Pela segunda vez
Sem maiores explicações, a célebre marca de cosméticos naturais, com faturamento anual que corresponde a cerca de R$ 3 bilhões decidiu fechar fábrica, lojas e spa
"Até mais e muito obrigado por todas as lembranças, vocês ficarão em nossos corações. É com grande tristeza que anunciamos o fechamento da Lush no Brasil, a partir de 20 de junho de 2018. Adoramos atendê-los e gostaríamos de agradecer toda a paixão e entusiasmo de vocês sobre nossa marca ao longo desses anos”.
Foi com esse essas palavras, sem maiores explicações, que a célebre marca de cosméticos naturais britânica conhecida por combater testes em animais, anunciou, pela segunda vez, sua retirada do mercado brasileiro. Fábrica, lojas, além de um spa serão fechados.
Fundada na Inglaterra em 1995 por Mark Constantine, que por mais de uma década foi fornecedor de sabonetes da Body Shop, a Lush produz e vende produtos para cuidados com pele, corpo, cabelos.
Um dos diferenciais da marca é manter um portfólio 100% vegetariano e 80% vegano, com fabricação baseada em processos artesanais.
São mais de 930 lojas, em 49 países. Suas vendas anuais batem no equivalente a R$ 3 bilhões.
O retorno da marca ao mercado brasileiro se deu em 2014, quando a Lush inaugurou sua a maior loja, uma unidade de 450 metros quadrados, localizada na zona sul de São Paulo.
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Até 2007, a Lush mantinha parcerias locais, que operavam 25 franquias. O encerramento da operação local, de acordo com Rowena Bird, cofundadora da marca, se deu devido “condições econômicas desfavoráveis”.
Mas a história foi mais complexa. A relação entre a matriz e os franqueados locais azedou devido um conflitou que se originou exatamente devido ao cerne da marca.
Como assim? Parte dos produtos naturais, feitos com ingredientes frescos e vendidos sem embalagem, tinha prazo de validade médio de 14 meses – tempo abaixo de itens industrializados, feitos com conservantes.
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Devido ao trâmite e à burocracia de importação, muitos produtos da Lush, chegavam às lojas com poucos meses de vida – o que desagradava os parceiros brasileiros. A divergência virou conflito e chegou a render até processos na Justiça. Foi quando a matriz decidiu encerrar a operação por aqui.
A partir de 2010, a Lush retomou a ideia de atuar no Brasil. Renata Pagliarussi, graduada em farmácia e especializada em gestão de projetos, que até então era consumidora da marca, foi selecionada para estar à frente da operação.
Para dar certo, erros do passado teriam de ficar para trás. Assim, a empresa criou uma fábrica própria, localizada em Bom Jesus dos Perdões, localizada a 90 quilômetros da capital paulista, para abastecer as lojas -os planos eram chegar a 30 unidades -com produtos frescos. Mais de 95% dos itens vendidos no Brasil são de fabricação local.
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Também foi necessário identificar ingredientes tipicamente nacionais e encontrar bons fornecedores locais para atender à demanda da unidade fabril. E as lojas não poderiam ficar na mão de terceiros – teriam que ser próprias.
Agora, todos os cosméticos da Lush, com exceção da linha beneficente Charity Pot, estão com 50% até o dia 31 de agosto, quando o e-commerce encerra suas atividades, ou até os estoques esgotarem. As lojas físicas serão fechadas a partir do dia 20 de junho.
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