A ascensão de uma marca que começou na 25 de Março
Cleide Sales (na foto), da Ruby Rose conta a trajetória do marca popular descoberta pelas influenciadoras. Hoje, a empresa importa dez contêineres por mês
A cada cinco fotos postadas, quatro envolvem maquiagens. É assim o Instagram de Gabi Leal, uma influenciadora digital de Jundiaí, que acumula mais de 260 mil seguidores.
A exemplo de tantas outras meninas fazem nas redes sociais, Gabi compartilha tutoriais de maquiagens, dá dicas de produtos e garimpa novidades por onde passa.
Sempre em busca de pechinchas, as andanças da influenciadora envolvem a região do Brás e os arredores da rua 25 de Março. Por ali, há anos descobriu produtos de beleza populares e preços acessíveis de empresas, como Fenzza, Luisance e Riscoti – a maioria de origem chinesa.
Hoje, ao lado de outros 39 nomes ligados ao tema, Gabi tem uma parceria para divulgar lançamentos, linhas e produtos de uma dessas marcas que conheceu em “lojinhas xing ling”, a Ruby Rose.
“Tudo foi muito espontâneo. Começamos vendendo pelo preço e com o tempo, as blogueiras foram nos descobrindo e indicando para suas leitoras”, diz Cleide Sales, gerente de marketing da marca.
De acordo com uma estimativa da Univinco (União dos Lojistas da rua 25 de Março), os itens de maquiagem já respondem por cerca de 40% do que é vendido na região.
Há 13 anos no Brasil, a Ruby Rose foi fundada há 40 anos na Rússia e opera em outros 13 países. A opção pelo Brasil foi baseada em números de mercado. Em 2017, a venda de maquiagens movimentou mais de R$ 8,3 bilhões no país.
Nos últimos anos, marcas que começaram vendendo poucos itens ganharam musculatura para preencher gôndolas de redes farmacêuticas e grandes perfumarias do país.
O caso da Vult Cosmética é um bom exemplo. Líder no mercado de cosméticos para jovens das classes C e D, a marca foi comprada pelo Grupo Boticário, no ano passado -uma estratégia para explorar canais de venda desconhecidos até então para o Grupo Boticário, como farmácias, lojas de departamento e lojas multimarcas de cosméticos.
Já com a Ruby Rose, o negócio deslanchou há pouco mais de dois anos, quando a base da marca foi descoberta por blogueiras especializadas em produtos mais baratos. Mais tarde, o mesmo item caiu na graça das influenciadoras que atingiam outra camada da sociedade, mais endinheirada.
A tal da base, que segundo essas celebridades “cobre tudo”, custava cerca de R$ 6 e consagrou a marca entre as youtubers – uma verdadeira revolução que os levou de um para dez contêineres exportados por mês.
Além dos produtos de maquiagem – lápis de olho, blush, corretivos, pinceis, batons e outros - há também uma linha de cuidados para a pele – tudo distribuído em quase 30 mil lojas de todo o país.
Com a nova guinada, a empresa formou um time de 70 colaboradores, apostou nessas celebridades como principal estratégia de divulgação da marca e já começou a produzir alguns itens em território nacional para driblar a logística de importação – há casos em que as encomendas levam três meses para chegar aos portos brasileiros.
“Hoje não estamos mais apenas em pontos populares. Estamos nas principais redes de perfumaria e shoppings. Temos uma pequena fatia do público A e B. Chegar às principais farmácias do país faz parte do nosso reposicionamento e estamos caminhando para que isso aconteça”, diz Cleide.