Por que a rede Sephora está em busca de startups no Brasil
Apesar de movimentar R$ 42 bilhões por ano, o setor de beleza brasileiro ainda é carente em inovação. A cadeia de lojas de origem francesa quer mudar esse cenário e aposta no empreendedorismo feminino
O Brasil representa 7,1% do consumo mundial de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, ocupando o quarto lugar no ramo atrás dos EUA, China e Japão, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPECH).
Mesmo com a crise econômica e com quedas no faturamento, o setor movimentou R$ 42 bilhões em 2015. Com um mercado tão grande, há oportunidades promissoras para novos negócios.
Pollini Jorio, fundadora da Brandlovers, percebeu esse potencial. Formada em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ela trabalhou durante oito anos na Nivea, empresa alemã que vende produtos de higiene e beleza.
Durante esse período, constatou que os consumidores tinham muita dificuldade para escolher produtos.
“São muitas opções disponíveis no mercado. O que é bom para uma pessoa não é bom pra outra porque temos características e necessidades diferentes.”, afirma Pollini.
Assim, nasceu a ideia de um aplicativo para indicar produtos de beleza de forma customizada.
Os clientes poupariam tempo, já que não gastariam horas na escolha dos produtos, e também dinheiro, uma vez que escolheriam o produto certo na primeira tentativa.
Em 2015, Pollini criou a startup Brandlovers, uma plataforma que utiliza a inteligência artificial para definir quais são as necessidades dos consumidores e recomendar os produtos mais adequados.
A ideia inicial foi a criação de um site, mas logo se expandiu para um aplicativo.
A Brandlovers também permite que os usuários compartilhem informações e realizem compras. Entre as marcas que estão no catálogo da empresa estão Dove, Kenzo e Christian Louboutin.
A empresa fundada por Pollini é uma das primeiras startups brasileiras que utilizam inteligência artificial no setor de beleza.
Um dos empurrões para que o negócio decolasse aconteceu no ano passado, quando a startup foi selecionada para participar do processo de aceleração da Sephora.
SEPHORA ACCELERATE
A rede francesa de produtos de beleza, que faz parte do grupo LVMW, sempre esteve atenta à novas tecnologias. Algumas lojas da rede utilizam plataformas interativas que ajudam os clientes a escolherem produtos e facilitarem as compras.
Em 2013, a Sephora comprou a Scentsa, uma empresa que desenvolve tecnologias para o setor.
De olho na crise do varejo, a empresa está seguindo o caminho da inovação. E nada melhor que ficar bem próxima das startups.
Por isso, a empresa abriu a terceira edição do Sephora Accelerate. O objetivo é incentivar empreendedoras que estão construindo inovações para o mercado da beleza.
“O principal ganho para a Brandlovers foi a definição clara do propósito social e do modelo negócios.”, afirma Pollini, que participou do processo de aceleração no ano passado.
“A principal dificuldade de muitas startups é encontrar uma forma de monetizar uma boa ideia, traçando um plano de execução de médio e longo prazo”, diz . “O processo me ajudou a repensar a empresa como um todo, claramente mostrando novos horizontes”.
Para as startups que quiserem participar da edição deste ano, as inscrições começam no dia 1º de outubro e vão até o dia 31. Podem concorrer empresas em fase inicial dos Estados unidos, Canadá, México e Brasil. As inscrições devem ser feitas no site.
Serão selecionadas dez startups que participarão de um treinamento de uma semana em São Francisco, na Califórnia, e terão a oportunidade de apresentar seus projetos para investidores, especialistas e para executivos da Sephora.
Um dos motes do projeto é incentivar o empreendedorismo feminino. Em um mercado em que a maioria dos consumidores é formada por mulheres, as empreendedoras ainda não têm tanta representatividade.
Essa é uma das dificuldades enfrentadas pela fundadora da Brandlovers.
“Um dos principais desafios de se empreender em beleza é que a maioria dos investidores e contatos comerciais são homens, ou seja, entendem pouco do setor”, afirma Pollini. “É um pouco complicado explicar a “dor do cliente” para homens quando temos produtos que são majoritariamente voltados para mulheres”.
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