Nascidas para inovar: as invenções das emergentes
Quem são os empreendedores à frente de startups que desenvolvem novos produtos em prol da qualidade de vida
No início deste ano, São Paulo foi assolada por um surto de dengue. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram notificados 5.877 casos da doença na cidade em janeiro – 144% a mais do que no mesmo período de 2015.
Se depender da engenhosidade do empreendedor Rodrigo Perez, o problema da dengue poderá ser reduzido consideravelmente nos próximos anos.
Perez é diretor da BR3, empresa que desenvolve tecnologias em química e biotecnologia, vencedora do concurso Acelera Startup -evento organizado pela Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), que reuniu 250 empresas com o objetivo de incentivar o empreendedorismo inovador e aproximar projetos e startups de investidores.
O produto que fez a BR3 superar centenas de concorrentes foi batizado de Dengue Tech, um inseticida biológico que mata larvas do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Apresentado na forma de tablete, deve ser depositado na água em potenciais criadouros da larva, como vasos de plantas, ralos e calhas. Cada unidade trata até 50 litros de água e tem efeito por 60 dias.
O Dengue Tech já pode ser encontrado em algumas redes varejistas, como a Telhanorte, que vende a embalagem com dez tabletes por R$ 39,90.
“A aplicação do produto é prática e ideal para tratar focos de mosquitos em residências”, afirma Perez.
O desenvolvimento tecnológico do Dengue Tech foi realizado em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que conduz pesquisas na área há mais de 20 anos.
Em 2010, a Fiocruz lançou um edital para encontrar uma empresa que pudesse aprimorar, produzir e comercializar a primeira versão do produto. A escolha recaiu sobre a BR3, graças à sua infraestrutura de laboratório e produção e histórico de superação de marcos regulatórios complexos.
De acordo com Peres, a regulamentação de produtos inovadores é a maior pedra no caminho das startups.
“Há empreendedores com boas ideias e investidores e organizações que disponibilizam recursos”, diz Perez. “No entanto, o processo de regulamentação é moroso e burocrático e impede que produtos inovadores cheguem ao mercado com rapidez.”
No final de 2015, a Anvisa concedeu o primeiro registro para o Dengue Tech ser utilizado em ambientes com água não potável. A empresa, porém, ainda aguarda os registros para expandir a aplicabilidade de produto.
A BR3 deverá crescer 50% em 2016 e alcançar R$ 5 milhões em faturamento.
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PRATICIDADE EM INVESTIMENTOS
O paulista Rodrigo Soeiro trabalhou por dez anos na Ambev – o último cargo exercido foi gerente de vendas. Após sair da cervejaria, Soeiro passou a prestar consultoria para startups. Foi quando seu lado empreendedor de tecnologia aflorou.
Soeiro é sócio da Allgoo, finalista do Acelera Startup na categoria não operacional que está desenvolvendo uma plataforma de investimentos para auxiliar pequenos investidores a obter melhores resultados em aplicações de renda fixa e variável.
Na prática, a plataforma vai funcionar da seguinte maneira: o usuário cria um perfil e informa o sonho que deseja concretizar por meio de investimentos (comprar uma casa, pagar faculdade dos filhos, ter renda extra após aposentadoria, entre outros).
A partir daí, entram em cena os algoritmos e técnicos da Allgoo que identificam e investem em ativos com melhor rentabilidade, considerando diferentes riscos e prazos de acordo com o objetivo do usuário, que só precisa acompanhar o quanto seu objetivo está concretizado.
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A Allgoo pretende gerar receita por meio de mensalidades dos usuários. O público-alvo será brasileiros entre 20 e 35 anos, das classes A e B, com pelo menos 3.000 reais para investir.
“De acordo com dados do IBGE, nosso mercado potencial é de 7,4 milhões de pessoas", afirma Soeiro.
Atualmente, a Allgoo participa do InovaBra, programa de inovação aberta do Banco Bradesco criado para apoiar projetos de startups com soluções aplicáveis ou adaptáveis ao setor financeiro.
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SEM DOR AO FAZER AS UNHAS
Quando trabalhava no mercado de eventos, a relações públicas Marina Dias raramente encontrava tempo livre para fazer as unhas – e, quando conseguia ir à manicure, achava o processo de retirada de cutícula agressivo e doloroso.
A insatisfação rotineira motivou Mariana a fundar Manicura Express, startup que desenvolveu o Majik, um óleo composto por quatro essências que amolece a cutícula e possibilita sua retirada sem usar utensílios cortantes e água.
“O produto diminui o risco de infecções, aumenta a praticidade, rapidez e eficiencia ao fazer as unhas”, afirma Mariana.
Atualmente, em média, 150 frascos de Majik são vendidos por mês para manicures e consumidoras finais. Cada frasco de 7 ml custa R$ 18,00. O kit composto por um Majik, lixa, pano descartável e um palito de unha sai por R$ 29,90.
Hoje, Mariana busca um investimento de R$ 50 mil para aumentar a produção, que ainda é feita de modo artesanal em sua própria casa. A patente do produto já foi requerida ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
“Durante o Acelera Startup, cinco investidores pediram uma apresentação detalhada sobre o modelo de negócio da startup”, afirma Mariana. “Estou confiante.”
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IMAGEM: Everton Amaro/Fiesp