Como os aplicativos modernizam o transporte, aqui e lá fora
Novas soluções facilitam a vida dos clientes e contribuem para aumentar frequência de viagens e faturamento das frotas
Foi em 2012 que o 99Taxis, aplicativo que faz o meio de campo entre taxistas de rua e passageiros, entrou no mercado e transformou a forma como esse serviço de taxi vinha sendo oferecido ao consumidor. Por meio dele, são hoje feitas mais de 1 milhão de corridas por mês, e cerca de 75% da frota de São Paulo e 50% do Brasil estão cadastradas pelo aplicativo. Até o final de 2015, a empresa, adotada por uma frota de 26 mil carros apenas nas ruas paulistanas, projeta que 75% da frota brasileira de taxistas estarão operando por meio do seu aplicativo, o que corresponderá a um volume mensal superior a 3 milhões de corridas.
Sim, o modelo de negócio proposto pela 99Taxis é uma ameaça à tradição das antigas centrais de táxi. De um lado, as antigas centrais perderam motoristas contrariados em pagar mensalidades. De outro, também perderam passageiros por conta da velocidade e da agilidade de atendimento dos aplicativos, em princípio apenas 4 minutos.
A Central Rádio Taxi, que opera há 25 anos na capital paulista e conta com 400 carros em sua frota, aponta como diferencial do seu serviço a possibilidade de as empresas, seu principal nicho de atuação, gerirem e controlarem detalhadamente as corridas feitas por seus funcionários. Além disso, a empresa argumenta que transmite mais segurança ao passageiro, por oferecer um serviço de call center 24 horas.
A 99Taxis recentemente lançou um pacote de serviços voltado a empresas. “Somos uma empresa de tecnologia; nosso foco é fazer um ótimo aplicativo, confiável e fácil de usar”, afirma Paulo Veras, fundador e CEO. “Produzimos relatórios precisos para empresas que usam as informações dos aplicativos, para com isso aumentar a transparência”.
O fato é que a inovação proporcionada por um aplicativo que conecta motoristas e passageiros instantaneamente é um grande diferencial com imenso potencial de disrupção no mercado. Fez com que as centrais também lançassem seus próprios aplicativos. “Funcionam exatamente como os demais que estão no mercado”, diz Karin Camargo, do departamento comercial da Central Rádio Taxi.
Consultor especializado em inovação, Valter Pieraccini questiona a eficácia dessa estratégia: “Quando você imita, você olha mais para seu concorrente do que para a capacidade interna que você tem, e é quando você se perde. Ao manter o paradigma do concorrente, o máximo que uma empresa vai conseguir é uma inovação incremental. Em breve a conectividade e a tecnologia serão tão poderosas e seguras que as pessoas se oferecerão caronas. O táxi está morrendo”.
O fato é que há uma empresa tirando o sono dos taxistas e levantando protestos em diversas cidades do mundo, São Paulo incluída. Trata-se do Uber, um aplicativo desenvolvido em 2009 no Vale do Silício (nos EUA, um dos maiores centros de inovação do mundo), reúne motoristas (sem a necessidade de possuir uma licença de táxi) e passageiros e propõe um serviço de “táxi de luxo”. Há um critério para os carros que podem se cadastrar e os valores da corrida são 20% mais caros do que os táxis tradicionais. O modelo de negócio proposto pelo Uber também é apelidado de “carona remunerada”.
A Uber está presente em mais de 150 cidades do mundo, de 41 países diferentes, e os protestos enfrentados contra as atividades da empresa nessas cidades não a impediu de abrir operações em São Paulo e Rio de Janeiro. Para o mercado, esses protestos parecem também não ter muito valor, uma vez que a empresa anunciou, em junho deste ano, ter recebido investimento de mais de US$ 1,2 bilhão e valer US$ 18,2 bilhões.
Professor de Marketing e Inovação do Insper, Romeo Busarello, afirma: “A grande transformação na concorrência não se dará por meio de produtos. São os modelos de negócios que estão se tornando disruptivos”.
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