Seu próximo funcionário pode ser o jogador perfeito
Resolver enigmas para se libertar de um ambiente assustador pode ser uma alternativa para contratar funcionários. Será?
Cada processo de recrutamento e seleção tem suas técnicas, formas e critérios para testar a criatividade e a capacidade de cada candidato para uma vaga de emprego. Agora, imagine ter 60 minutos para decifrar dezenas de pistas e desvendar um enigma - que apenas um em cada cinco participantes consegue resolver. E se você depender de tudo isso para arrumar um emprego, ou quem sabe, ser promovido.
A proposta é do Escape 60, uma casa de jogos presenciais temáticos com diferentes ambientes. O objetivo é proporcionar aos envolvidos a sensação de encontrar uma forma de escapar dessas situações por meio de pistas, problemas matemáticos, e desativar equipamentos eletrônicos.
Mas, o que parece ser brincadeira está sendo uma opção para muitas empresas na hora de empregar, avaliar competências de funcionários, treinar e escolher novos líderes, integrar departamentos e estimular o trabalho em equipe.
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Em apenas 15 dias de funcionamento, o Escape 60 já foi procurado por mais de 50 pequenas, médias e grandes empresas – o setor de serviços (banco e tecnologia) é o mais interessado.
Dos quatro sócios do negócio, dois são da área de gestão e já projetaram a novidade para atender a este nicho. “É uma área pouco explorada no país e que tem um potencial enorme de crescimento, já que faltam oportunidades de ações interativas para a área de recursos humanos e marketing”, diz Márcio Abraham, sócio e diretor da área de inovação do Escape 60.
Abraham diz que existem duas maneiras de realizar um mapeamento de perfil de cada participante. A própria equipe de recursos humanos da empresa se acomoda em uma sala de monitoramento da Escape 60 e, de lá, acompanha o desafio e desempenho de cada participante; ou quando profissionais do próprio Escape acompanham toda a dinâmica, e entregam um relatório conclusivo a empresa. Os valores partem de R$ 79 por pessoa e variam de acordo com o pacote fechado pela empresa e o número de participantes.
Com investimento de R$ 1,2 milhão, a Escape 60 é a primeira empresa a trazer para o Brasil esse tipo de entretenimento, que surgiu na Ásia, e depois se instalou na Europa e Estados Unidos. Em São Paulo, o sucesso do negócio se divide em seis salas: o Corredor da Morte, o Roubo da Joia da Coroa, a Operação de Resgate, o Laboratório de Dr. Mortare, Salvem Nossas Almas, e em breve, O Falsário.
DÁ CERTO MESMO?
Na opinião de Regina Silva, 46 anos, consultora de recursos humanos e diretora do Gyraser, a utilização da Escape para recrutamento tem tudo para dar certo. Mas, é preciso atenção. Como qualquer outro instrumento de avaliação de candidato, essa simulação deve estar aliada a outros métodos de seleção.
“Uma pessoa inteligente não é necessariamente uma pessoa rápida e esse método mede a agilidade", diz. "As pessoas mais inteligentes do mundo são as mais lentas. Os 20% que conseguem solucionar o enigma representam pessoas que pensam rápido. Mas será que elas têm reflexão?”
Para Regina, a proposta do Escape é na verdade, uma releitura da famosa dinâmica de grupo. “Eles ambientaram a dinâmica. Mas, claro, depende do perfil e cargo de cada profissional. É uma proposta que não funciona, por exemplo, para contratação de diretores, gerentes e presidentes.”
Em termos financeiros, a novidade é atraente. Em comparação com o MBTI (sigla para Myers-Briggs Type Indicator) – um questionário constituído de perguntas bem formuladas que permite a identificação do tipo psicológico de cada candidato – o Escape sai ganhando. O valor cobrado por pessoa é oito vezes mais barato que o do MBTI, que custa R$700.
“O Recrutamento é um mercado sem novidades, então inovar é um desafio para as empresas. Sem dúvida é uma alternativa interessante, mas é preciso estar atento ao que se pretende avaliar”, diz.