Aprendendo a empreender em tempos de crise
Palestra sobre marketing na Distrital Sudoeste reúne pequenos empresários interessados em conhecer novas estratégias para atrair clientes
Carlos, corretor de seguros; Maria Cristina, que produz queijos artesanais em casa; Ernesto, consultor ambiental, e Osvaldo, dono de três boxes de legumes, com prioridade para as cenouras, no Ceagesp, têm interesses e necessidades semelhantes.
Osvaldo, que herdou o negócio da família e está estabelecido há 37 anos na maior rede de abastecimento do país, era um dos mais interessados na palestra Ganhe Mercado, com orientações sobre o que os novos empreendedores devem fazer para atrair e, principalmente, fidelizar clientes.
A palestrante Michele de Melo Santos, com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), graduada em Administração de empresas pelo Mackenzie e analista de negócios do Sebrae-SP, foi a convidada da Distrital Sudoeste da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na abertura de uma série de palestras, que começou na terça-feira (19/09)e vai até 26 de setembro.
Trilha de Capacitação/Ganhe Mercado mostrou os caminhos para ganhar mercado por meio do marketing direcionado ao público alvo.
Carlos Alberto de Oliveira Fausto, 53 anos, economista formado pela PUC de Campinas, foi direto ao revelar o motivo que o fez se interessar pela palestra.
“Estou aqui porque não sei fazer marketing financeiro. Falho sempre que vou falar sobre o assunto”, disse.
A vida profissional de Carlos é cheia de altos e baixos. Aos 18 anos começou a trabalhar em uma corretora de valores. A experiência durou pouco, menos de 2 anos. A empresa faliu. Após um longo período desempregado, foi contratado para ser gerente nacional de uma empresa de vale refeição.
“Viajava muito. Passava 25 dias do mês viajando pelo Brasil. Cansei. Pediu demissão e abri uma corretora de seguros. Trata-se de uma pequena empresa. Trabalho em casa. Ganho, no máximo, R$ 8 mil mensais”, contabiliza ele.
Maria Cristina Ferreira de Castro, 43 anos, saiu da Barra funda, onde mora, atravessou a cidade para assistir a palestra no Butantã, onde fica a Distrital Sudoeste da ACSP.
Contou que sempre trabalhou em hotéis. Ficou desempregada em janeiro. De lá para cá, nada de trabalho com carteira assinada. Vegetariana convicta, encontrou na alimentação vegana a fonte para a sobrevivência.
Vegano é quem não consome carne, leite, derivados de leite, ovos e derivados de ovo, mel ou qualquer outro produto oriundo da exploração animal.
Passou a fazer queijos veganos em casa. Com uma sócia, criou a Villa Vegan, uma pequena empresa que vende seus produtos em feiras e empórios.
A Villa Vegan utiliza mídias sociais como o Facebook e o Instagram para chegar ao público consumidor.
Tudo o que ela ganha com as vendas dos queijos veganos vai para a compra de maquinários para a empresa.
“Investi o que ganhei até agora na compra de uma máquina de embalar a vácuo, uma datadora de lotes e vencimentos e um processador de caju”, afirma.
Maria Cristina disse que para ela foi fácil optar pelos produtos veganos porque é vegetariana desde os cinco anos de idade.
“Hoje posso dizer que produzo e vendo o que gosto”, afirma ela, que estava na palestra para aprender técnicas para chegar ao cliente com mais facilidade.
Ernesto Jundi Kinoshita também possui uma pequena empresa, a Legacy Seisui, especializada em gerenciamento ambiental.
Seu trabalho é dar assistência às empresas que são penalizadas pela fiscalização por poluírem o meio ambiente.
Químico formado, trabalha em casa como gerenciador ambiental há seis anos. Disse que chegou a ganhar em torno de R$ 7 mil mensais pelo serviço que presta às empresas penalizadas pelos órgãos de fiscalização.
“Hoje a situação está complicada. Não consigo ganhar nem R$ 1 mil por mês”, afirma, desolado.
Ernesto estava na palestra porque foi procurado por um grupo de pessoas interessadas em abrir uma empresa sobre gerenciamento de meio ambiente.
“Sei como funciona a parte técnica, mas tenho dificuldades nas questões burocráticas para a abertura de uma empresa. É por isto que estou aqui. Quero aprender como se faz para abrir uma empresa. Então, vou vender o projeto para este grupo de pessoas”, disse.
Osvaldo Koga, 57 anos, foi carregador de frutas no Mercado Municipal, na zona cerealista. Depois foi trabalhar como fisioterapeuta.
Tinha como mestre Haruo Nishimura , o especialista que tratou o ex-presidente João Figueiredo, que sofria com dores terríveis na coluna.
Nishimura tratou também da atriz Claudia Raia, do deputado Paulo Maluf e até do Rei Faad, da Jordânia.
Hoje Haruo Nishimura vive em Portugal. Continua tratando a coluna de celebridades.
Osvaldo Koga herdou o negócio da família, proprietária de boxes no Ceagesp. Prestou muita atenção ao que a palestrante dizia.
ENTENDER PARA MELHOR ATENDER
Aprendeu a definição de marketing.
“Digo sempre que quem tem um negócio deve tratar o cliente como se fosse um namorado, uma namorada, ou uma amiga ou amigo", sintetiza Michelle. "Temos de descobrir do que o cliente gosta, seus desejos, suas necessidades. Ou seja, temos de entender o cliente para atendê-lo melhor."
Michelle disse a uma plateia de 30 pessoas que quem quer ser empreendedor tem de falar a mesma linguagem do cliente.
"É importante identificar quem vai comprar o seu produto. E não basta só conversar com o cliente. O diálogo é essencial com todas as pessoas que giram em torno do seu negócio, como os funcionários e os fornecedores".
Michelle percebeu que poucas pessoas presentes à palestra eram empresários. Por isso, no final, teve de responder a perguntas básicas para quem planeja abrir um negócio.
"Normalmente respondo à perguntas sobre questões burocráticas. Mas este aspecto faz parte do meu trabalho. O Sebrae ajuda na abertura da empresa, cuida da parte burocrática", afirma.