Onde aplicar seu dinheiro na onda dos juros altos?
A renda fixa ganhou atratividade em relação aos investimentos em imóveis e na renda variável
Mais um aumento na taxa básica de juros Selic, de 0,50 ponto percentual (p.p.) nesta quarta-feira (03/06), só é uma boa notícia para quem tem aplicações na renda fixa, já que o controle da inflação por meio desta medida ainda terá de ser aguardado e a economia está à beira da recessão.
Quem tem recursos poupados deve reavaliar a rentabilidade de suas aplicações para saber se está, de fato, surfando de forma adequada na onda dos juros altos. Segundo Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest, com a Selic no patamar de 13,75% ao ano, é preciso garantir que a rentabilidade bruta seja maior que 1% ao mês.
"De fato, a renda fixa ganhou atratividade em relação aos investimentos em imóveis e na renda variável", diz.
Para quem ainda não saiu da poupança é mais do que a hora de avaliar outras alternativas. Uma opção são os fundos de investimentos, mas neste caso é preciso prestar muita atenção nas taxas.
Segundo análise de Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac, com a elevação da Selic, as cadernetas de poupança só continuarão interessantes frente aos fundos de renda fixa com altas taxas de administração, ou seja, maiores que 2,50% ao ano.
Por causa das altas taxas, o aplicador deve estudar outras alternativas e descobrir qual é mais competitiva.
Outras opções são os títulos públicos do Tesouro Nacional e outras aplicações que pagam um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, taxa praticada entre bancos) como é o caso das Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Câmbio (LCs) e o CDB (Certificado de Depósito Bancário, o empréstimo que o poupador faz aos bancos).
"Considerando uma aplicação em CDB, o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança nova já que as aplicações em CDBs pagam igualmente Imposto de Renda de acordo com o prazo de resgate da aplicação", diz Ribeiro da Anefac.
CUSTO E TAXAS
Além da rentabilidade, é preciso estudar as aplicações do ponto de vista de custo, prazo e riscos.
Segundo Calil, as LCIs e LCAs isentas de Imposto de Renda por enquanto, passam por um período de menor oferta por falta de lastro (operação de crédito a que se destina o recurso, como o imobiliário).
"Isso já fez a taxa cair um pouco, cerca de um ponto percentual do CDI. As Letras de Câmbio, que estão lastreadas em operações de crédito ao varejo, passam pela mesma situação", afirma. Segundo ele, mesmo que venham a ser tributadas ainda oferecerão um bom rendimento se comparadas a fundos de investimentos com taxas altas.
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Mauro afirma que o investidor deve avaliar o risco de cada aplicação e considerar as alternativas que são asseguradas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) -espécie de seguro que paga R$ 250 mil por CPF e instituição financeira em caso de quebra do banco. "Há muitas opções de aplicações com boa rentabilidade que são asseguradas como as letras, CDB e RDB", diz.
Outra medida que define o retorno é o tempo da aplicação, além do montante. Quanto maior o prazo, melhor a rentabilidade. "É o caso de uma cliente que conseguiu 16% ao ano em uma letra de câmbio de três anos", diz.
No caso dos títulos públicos, ele diz que a opção mais conservadora é o papel atrelado à Selic, que é pós-fixado (rentabilidade só é conhecida no resgate do título) e que oferece um rendimento de 1% ao mês.
Isso porque os demais títulos com taxa definida no ato da compra (como o prefixado e de inflação), passam por variações de preços, de acordo com a curva de juros futura. "Assim, há o risco de comprar um título por R$ 800 e ter de vender por R$ 780, caso a pessoa precise resgatar o dinheiro", completa.
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