Juros do rotativo do cartão de crédito sobem para 490,3% ao ano
Março foi o último mês em que os consumidores puderam usar o rotativo sem tempo definido. A partir de abril, esse crédito só estará disponível por 30 dias
A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito voltou a subir em março, depois da queda de fevereiro.
No mês passado, chegou a 490,3% ao ano, com alta de 2,5 pontos percentuais, informou nesta quarta-feira (26/04), em Brasília, o Banco Central (BC).
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. Já a taxa do crédito parcelado caiu 5 pontos percentuais para 158,5% ao ano.
Março foi o último mês em que os consumidores puderam usar o rotativo sem tempo definido. A partir deste mês, quem não conseguir pagar integralmente a fatura do cartão de crédito só poderá ficar no crédito rotativo por 30 dias.
A nova regra, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro, obrigou as instituições financeiras a transferirem para o crédito parcelado, que cobra taxas menores, os clientes que não conseguirem quitar o rotativo do cartão de crédito.
Outra taxa de juros alta na pesquisa mensal do BC é a do cheque especial, que ficou em 328% ao ano, com aumento de 1 ponto percentual.
Enquanto os juros do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial subiram, a taxa média de juros para as famílias caiu 0,8 ponto percentual, indo para 72,7% ao ano, em março.
REGRAS DO ROTATIVO EM ABRIL
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou que a expectativa da instituição é de que, em abril, os efeitos das medidas do rotativo já sejam percebidas, com queda das taxas cobradas ao consumidor final.
Maciel apresentou à imprensa informações e novas estatísticas a respeito do crédito do cartão.
"Mudança no rotativo busca reduzir o risco da operação", disse Maciel, em referência às novas regras do rotativo, que começaram neste mês de abril. Agora, quem ficar mais de 30 dias no rotativo é transferido para outra modalidade de crédito, como o parcelado, com taxas menores.
"A redução do risco da operação do rotativo reduzirá também o custo. Essa é a expectativa", disse Maciel. "O foco é no pagador regular, que é o cliente que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão. É sob o pagador regular que deve recair o maior impacto das medidas", comentou.
Maciel afirmou ainda que há expectativa de redução substancial de taxas do rotativo em abril. "Dados de até 7 de abril já mostram queda substancial na taxa do rotativo regular", afirmou.
INADIMPLÊNCIA E ENDIVIDAMENTO
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, ficou estável em 5,9%. Esses dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir os juros.
O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos (incluído crédito direcionado com regras definidas pelo governo, destinado aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) ficou, em março, em R$ 3,076 trilhões, com alta de 0,2% no mês.
Em 12 meses, houve retração de 2,7%.
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro caiu de 42,0% em janeiro para 41,8% em fevereiro.
Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento passou de 23,5% em janeiro ante 23,4% em fevereiro.
O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses e incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (PNAD) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.
De acordo com o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 21,5% em janeiro para 21,2% em fevereiro. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda foi de 19,0% para 18,7%.
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Com informações de Estadão Conteúdo