Investidor lucrou 32,20% na bolsa em sete meses
Em julho, o Ibovespa também ofereceu o maior retorno na comparação com outras aplicações financeiras, de 11,22%
O otimismo com o novo governo continuou tomando conta do investidor da bolsa de valores em julho, levando o Ibovespa (índice das ações mais negociadas e de maior valor de mercado da bolsa) a encerrar o mês no patamar de 57.308 pontos, uma alta de 11,22% no mês.
Se considerado o retorno no acumulado do ano, o investidor que tem ações do índice embolsou um lucro de 32,20%, o maior na comparação com outras aplicações financeiras, segundo o ranking elaborado por Fabio Colombo, administrador de investimentos.
Por causa desse movimento, Colombo recomenda ao investidor a venda gradativa e parcial da carteira de ações.
Segundo ele, as perspectivas de que as medidas de ajuste fiscal se materializarão, até mesmo em razão da eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara dos Deputados, guiaram as decisões. Ainda que o governo interino não tenha, na prática, aprovado nenhum projeto importante nesse sentido, como o que estabelece o teto de gastos públicos.
O que também contribuiu para o bom desempenho no mês foi o fato de o Brexit ter influenciado com mais força o mercado de ações europeu, que com taxas negativas, direcionou o investidor estrangeiro para o Brasil, segundo Alison Carlos Correia, analista da XP Investimentos.
"O cenário externo e o interno no aspecto político ajudaram. Há um movimento antecipando a decisão final do impeachment de Dilma Rousseff. Com ela saindo definitivamente, a tendência é de alta da bolsa", afirma Alison Carlos Correia, analista da XP Investimentos
Ele diz que se o Ibovespa continuar firme no patamar de 57 mil pontos tem potencial para atingir 62 mil pontos no próximo trimestre.
Mas é claro que esse crescimento não é linear e ainda está sujeito a solavancos, segundo Colombo, que projeta para o Ibovespa um patamar máximo de 86 mil pontos em um período de 12 meses.
Há dois argumentos que suportam esses números positivos. De um lado, como o Ibovespa caiu demais no ano passado e o crescimento agora se dá sobre uma base muito baixa.
Outro é o impeachment que, se for concretizado, soltará as amarras de investidores internacionais, que estavam esperando a decisão final para voltar a alocar no país. "É regra em fundos de investimentos esperar para ver a parte política no Brasil resolvida para voltar a investir", reforça Correia.
Segundo ele, para o mercado financeiro é baixa a probabilidade de um revés nessa expectativa, o que refletiu diretamente na redução da volatilidade da bolsa (as altas e baixas bruscas nos preços de ações).
A perspectiva de recuperação da economia, que os investidores estão antecipando na bolsa, também tem levado o dólar a testar os limites de baixa.
A moeda norte-americana encerrou o mês em R$ 3,24, com alta de 0,95% em julho. No ano, caiu 18,03%, segundo o ranking. A tendência continua sendo de queda em agosto, segundo Correia.
"Se a política fiscal começar a ser corrigida, o dólar pode chegar até a R$ 3. Então não recomendamos a aplicação em fundos cambiais", diz o analista. No mês, outra moeda que também está atrelada a aplicações, o euro, subiu 1,71%. Apesar disso, acumula queda de 16% no acumulado do ano.
Ativo de renda variável muito procurado em momentos de incerteza, o ouro registrou alta de 3,16% em julho e de 3,54% no ano.
INVESTIDOR DE RENDA FIXA JÁ PODE VER GANHO REAL
Uma boa notícia para o pequeno investidor de perfil conservador foi a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano e sinais, ainda que esparsos, de uma inflação menor para os próximos meses.
Em julho por exemplo todas as aplicações de renda fixa - inclusive a poupança - tiveram rendimentos maiores do que a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que desacelerou para 0,18%.
Apesar disso, no sete primeiros meses do ano, a poupança rendeu apenas 4,69% e, nesse intervalo, não conseguiu repor a alta de preços de 6,10% do IGP-M.
Segundo Colombo, entre os títulos públicos, o atrelado ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), continua oferecendo uma taxa atrativa, na faixa de 6% ao ano mais a reposição da inflação. No ano, foi o papel que mais ofereceu ganhos ao investidor, com retorno indicativo na faixa de 8,45%.
A estabilidade da taxa de juros ajudou os fundos de renda fixa puros e os fundos DI a oferecerem rentabilidade média de 1% a 1,15% em julho, dependendo da taxa de administração. No ano, o retorno médio do fundo de renda fixa acumulado foi de 8,03%. A rentabilidade do fundo DI não ficou muito atrás, em 7,97% no mesmo intervalo.
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) - que são uma espécie de empréstimo que o investidor faz ao banco - encerraram o mês com remuneração indicativa na faixa de 0,95% a 1,10% e acumularam 7,70% no ano, dependendo do valor investido e do risco de crédito da instituição financeira.
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