Grécia fica na zona do euro após maratona com União Europeia
País recebe linha de crédito de US$ 91 bilhões, em troca de um choque em sua economia, com aumento de impostos e redução do orçamento, privatizações e menores vantagens previdenciárias
A Grécia permanecerá na zona do euro. mas seu governo aceita em troca um draconiano ajuste fiscal que havia sido rejeitado em referendo oito dias antes da maratona de negociações terminada na manhã desta seguna-feira (13/7) em Bruxelas.
Os países europeus liderados pela Alemanha concordaram em abrir uma linha de crédito de US$ 91 bilhões para que o país normalize seu funcionamento, com a abertura dos bancos, fechados desde a segunda anterior, pague os servidores públicos e salde a parcela de empréstimos vencida na semana passada com os credores.
Naquilo que os especialistas qualificavam de a mais aguda crise da União Europeia, a chanceler Angela Merkel conseguiu dobrar o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras em todas as suas axigências. O governante grego, que em referendo havia se cacifado politicamente para resistir ao rolo compressor alemão, acabou capitulando em todos os pontos.
Os credores da Grécia exigiram aumento de impostos, reforma no sistema previdenciário, corte nas despesas públicas e ainda a presença, em Atenas, de uma comissão europeia de fiscalização para acompanhar a aplicação do ajuste.
Os 18 países da zona do euro respiraram aliviados, já que o cenário apelidado de "Grexit" (saída da Grécia) criaria um precedente para outros países também endividados e marcaria junto aos mercados a fragilidade letal da moeda conjunta.
De certo modo, Tsipras e seu partido de esquerda aderiram à ortodoxia do mercado que havia ainda poucos dias eles rejeitavam e qualificavam de "chatagem".
O fim de semana foi bastante tenso em Bruxelas, sede das instituições da União Europeia. Os ministros das finanças se reuniram na sexta-feira, sem no entanto chegar a um acordo até a madrugada de sábado.
Na manhã de sábado eles anunciaram que não seria mais convocada uma reunião de cúpula da UE, em que presidentes e primeiros-ministros, se um acordo tivesse sido alcançado, se limitariam a chancelar um documento final.
O momento mais agudo de tensão ocorreu quando o ministro das Finanças da Alemanha participou do esboço de um documento de quatro páginas, pelo qual a Grécia deixaria a zona do euro por um período de cinco anos, durante o qual reorganizaria sua economia.
O texto era uma evidente forma de pressão contra a delegação de Atenas, que acabou cedendo ao fim de 17 horas de negociações.