Dólar volta a subir e fecha cotado a R$ 4,10
Especulação sobre a possibilidade de mais um rebaixamento da nota de crédito do Brasil leva moeda norte-americana a subir 3,36%
O dólar comercial continua oscilando e valorizou-se 3,36% nesta segunda-feira (28/09), cotado a R$ 4,10. Pela manhã, às 9h30, passou de R$ 3,993 para R$ 4,036 às 11h30.
No cenário interno, a cotação do dólar foi afetada pelas dificuldades na aprovação de medidas do ajuste fiscal e as especulações sobre a possibilidade de o Brasil perder o grau de investimento de mais uma agência de classificação de risco de crédito.
Neste mês, o país perdeu o selo de bom pagador pela agência Standard & Poor's.
O que levou tensão ao mercado nesta segunda-feira (28/09) foi a declaração de Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Rating, sobre a nota de classificação de risco de crédito do Brasil.
"Havia antes de abril uma avaliação específica sobre a dinâmica da dívida pública até 2018. Como ocorreram mudanças no quadro econômico no últimos meses, os analistas estão fazendo avaliações", disse.
Guedes também disse que o superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida) de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país) depende de uma série de medidas.
Ele ressaltou que no início deste ano o Congresso não ajudou o governo na aprovação de ações corretivas das contas públicas. Desta forma, a perspectiva negativa do Brasil indica que há risco maior de 50% para que a nota soberana do país seja rebaixada entre 12 e 18 meses.
A Fitch classifica o Brasil como grau de investimento (nota BBB), em perspectiva negativa, e esteve em visita ao Brasil recentemente para revisar os dados. Para retirar o grau de investimento do país, a Fitch teria de rebaixar a nota duas vezes.
Segundo Guedes, a Fitch historicamente não dá dois graus de ajuste de ratings, a não ser que haja um evento.
"Provavelmente isso ocorreu na crise da Comunidade Europeia, que foi um evento", afirmou Guedes, após participar de evento realizado pelo Ibri (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) em São Paulo, nesta segunda-feira (28/09).
Além disso, o Banco Central não anunciou intervenções no câmbio. Na última sexta-feira (25/09), a cotação do dólar comercial caiu 0,39% e fechou vendido a R$ 3,976.
Na semana passada, o BC fez intervenções por meio de leilões de swap cambial (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro) e de venda de dólares das reservas internacionais com compromisso de recompra futura.
Para hoje, o BC só anunciou, até o momento, leilão de renovação de contratos de swap cambial, operação que vinha sendo feita normalmente.
Na última quinta-feira (24/09), Alexandre Tombini, presidente do BC, não descartou a venda de dólares das reservas internacionais.
No sábado (26/09), a presidente Dilma Rousseff mostrou preocupação com a alta dólar, porque, segundo ela, existem empresas brasileiras com dívidas em moeda norte-americana.
Entretanto, a presidente também ressaltou que o país tem reservas suficientes, que hoje estão em US$ 371 bilhões.
No cenário internacional, um fator de influência na cotação é a melhora no desempenho da economia americana. Isso pode fazer com que o Federal Reserve, Banco Central do país, aumente os juros da maior economia do planeta antes do fim do ano.
Taxas mais altas nos Estados Unidos atraem recursos de todo o planeta para títulos do Tesouro norte-americano, considerados o investimento mais seguro do mundo. Mas provocam a retirada de capitais financeiros de países emergentes, como o Brasil.
*Com informações de Agência Brasil e Estadão Conteúdo
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Atualizado às 19h03