Em setembro houve redução de 0,4% nos financiamentos para empresas. Taxas para os consumidores seguem em elevação
Enquanto as empresas têm mais dificuldade para tomar crédito, os consumidores têm tido de arcar com juros altos para se financiar no mercado. É isso o que mostra o balanço das operações de crédito do Banco Central, divulgado nesta quarta-feira (26/10).
Em setembro, o saldo total de crédito no país ficou em R$ 3,1 trilhões, 0,2% menor do que o apurado em agosto. Em 12 meses, contraiu 1,7% e no acumulado de 2016, 3,4%.
Essa redução foi puxada principalmente pelo recuo do crédito destinado a empresas, que encerrou setembro em R$ 1,6 trilhão, um recuo de 0,4% sobre agosto.
Para ter uma ideia, em 12 meses os financiamentos a companhias caíram 6,5%. De janeiro a setembro deste ano, o recuo foi de 3,9% na comparação com igual período do ano passado.
A atividade que mais sofreu com a falta de crédito em setembro ante agosto foi a indústria, que registrou baixa de 0,7%.
Para a indústria, o crédito recuou para R$ 768,3 bilhões. Na construção, houve baixa de 0,9% no mês passado, seguida por indústria de transformação (-0,9%) e extrativa (-3,3%). Os serviços industriais de utilidade pública (SIUP) registraram alta do crédito de 0,3% no mês passado.
O setor de serviços cedeu 0,2%. Para as empresas com sede no exterior o crédito também encolheu 0,4%. O comércio permaneceu estável, com um saldo de R$ 270 bilhões.
Os setores que registraram desempenho positivo foram a agropecuária, com alta de 0,3% em setembro ante agosto, com R$ 23,6 bilhões. Na administração pública, houve alta de 0,3%, para R$ 125,037 bilhões.
Tulio Maciel chefe do departamento econômico do Banco Central, a tendência no crédito para PJ continua a ser de queda, mas com acomodação.
"O crédito para empresas continuará caindo, mas a taxas menores", afirmou.
"O crédito para pessoas jurídicas com recursos livres é o que mais reflete o ciclo econômico e queda da renda", completou.
O crédito com recursos livres é aquele concedido com recursos captados pelos bancos. Com esses recursos, o crédito caiu 0,1% em setembro, enquanto acumula um recuo de 10,3% no ano até o mês passado e de 8,2% em 12 meses.
"O saldo de capital de giro mostrou estabilidade neste mês, após recuos anteriores", detalhou.
Muito atrelados à variação cambial, os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas recuaram pelo quarto mês consecutivo, com queda de 1,3% de agosto para setembro, somando um total de R$ 577,8 bilhões. Em 12 meses, a queda está em 7,8%.
Em setembro, houve aumento de 0,7% nas linhas de capital de giro (R$ 14,9 bilhões), queda de 1,4% no financiamento ao investimento (R$ 549,9 bilhões) e alta de 0,2% nas modalidades para o setor rural (R$ 12,972 bilhões) por parte do banco de desenvolvimento.
CONSUMIDORES PAGAM TAXAS DE JUROS MAIORES
O saldo de crédito para os consumidores permaneceu estável em setembro, com alta de 0,1% ante agosto. No acumulado do ano avançou 1,9% e em 12 meses cresceu 3,6%. As taxas de juros do crédito pré-aprovado, como o cheque especial e do rotativo do cartão de crédito, continuam subindo.
Apesar disso, em setembro o estoque de crédito às famílias caiu 0,3%, com crescimento apenas na modalidade do consignado.
"A queda em setembro repercutiu a redução de uso do cartão de crédito à vista, que havia crescido muito em agosto, quando ocorreu um resultado atípico", afirmou.
"A redução na aquisição de veículos também puxou o crédito de pessoa física para baixo. Em setembro as concessões para compra de veículos caíram 8,5%, com o impacto da greve dos bancários", completou.
Já no estoque de crédito consignado, houve aumento de 0,4% em setembro e uma expansão de 5,5% em 12 meses.
"É natural que as pessoas tentem sair de uma modalidade de crédito de custo mais elevado, como o cheque especial, para outras mais baratas, como o consignado", explicou.
A taxa de juros do cheque especial continuou a subir em setembro.
Segundo dados do Banco Central (BC) a taxa do cheque especial subiu 3,8 pontos percentuais, de agosto para setembro, quando chegou a 324,9% ao ano, estabelecendo novo recorde na série histórica do BC, iniciada em julho de 1994.
Neste ano, a taxa do cheque especial já subiu 37,9 pontos percentuais em relação a dezembro de 2015, quando estava em 287% ao ano.
Outra taxa de juros que voltou a registrar recorde foi a do rotativo do cartão de crédito. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão.
O juro médio total cobrado no rotativo do cartão de crédito subiu 5,3 pontos porcentuais de agosto para setembro.
Com a alta, a taxa passou de 475,0% ao ano em agosto para 480,3% ao ano em setembro.
O juro do rotativo é a taxa mais elevada desse segmento e também a mais alta entre todas as avaliadas pelo BC, batendo até mesmo a do cheque especial. Em junho e julho, a taxa havia mostrado leves recuos, após marcar 471,5% em maio.
No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro subiu 2,5 pontos de agosto para setembro, passando de 152,2% ao ano para 154,7% ao ano.
FOTO: Thinkstock
*Com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil
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