Apesar da volatilidade, bolsa fecha com ganho de 0,59%
Já o dólar recuou 0,22% , interrompendo a sequência de cinco altas e fechando em R$ 3,91
A volatilidade continuou presente nos mercados internacionais e impediu a recuperação mais consistente do Índice Bovespa nesta terça-feira (11/12). O indicador de ações brasileiro chegou a subir 1,87% pela manhã, embalado pela melhora da percepção do investidor em relação à tensão comercial entre Estados Unidos e China.
À tarde, no entanto, perdeu fôlego a reboque das bolsas de Nova York, alternou tendências e terminou o dia com alta moderada, de 0,59%, aos 86.419,57 pontos. Os negócios somaram R$ 12,9 bilhões, novamente abaixo da média de dezembro.
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O Ibovespa havia caído 2,50% na segunda-feira, sob influência dos ânimos externos, com temores de desaceleração da economia chinesa e ao adiamento da votação do Brexit, além da forte queda das commodities. Hoje, a sinalização de entendimento entre Estados Unidos e China, feita por Donald Trump, alimentou o apetite por risco, mas não afastou a instabilidade nos negócios.
Com as bolsas americanas virando para o negativo, a recuperação do Ibovespa foi colocada em risco e o índice chegou a cair 0,39%. Somente na última hora de negociação que o sinal positivo voltou a se evidenciar.
"Se considerássemos somente o cenário doméstico, a tendência é de a bolsa andar 'de lado' até o final do mês, com um viés positivo. Mas o cenário internacional tem adicionado alta volatilidade aos negócios por aqui, onde tudo o que era relevante, como a cessão onerosa, ficou para 2019", disse Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante Ideias de Investimentos.
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A alta do final do dia foi garantida principalmente pelas ações do setor financeiro e elétrico - este último influenciado pela perspectiva positiva com privatizações, um dia depois do leilão da distribuidora Amazonas Energia, pertencente à Eletrobras.
As ações da Eletrobras terminaram o dia com ganhos expressivos, de 3,91% (ON) e 3,28% (PNB) Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta ficou com Gol PN, que disparou 13,04% como reflexo do pedido de recuperação judicial da Avianca. Smiles ON subiu 3,55%.
Fora do Ibovespa, Azul PN avançou 6,51%. Entre as baixas do dia, destaque para os papéis da Petrobras, que tiveram perdas moderadas (ambas de 0,64%), mesmo em dia de alta dos preços do petróleo.
DÓLAR RECUA
Após cinco dias consecutivos de alta, o dólar chegou a engatar queda de quase 1% na manhã desta terça-feira, 11, recuando para R$ 3,88, embalado pelo avanço do diálogo comercial entre a China e os Estados Unidos e pela volta do Banco Central ao mercado por meio de leilões de linha (venda da moeda no mercado à vista com compromisso de recompra).
Mas o movimento perdeu força na parte da tarde e a moeda americana acabou reduzindo o ritmo de perda e se aproximando da estabilidade, em meio a notícias negativas no mercado internacional. No final do dia, o dólar à vista terminou em queda de 0,22%, aos R$ 3,9138.
No mercado doméstico, o Banco Central, após ficar uma semana sem fazer novas operações de câmbio, fez dois leilões de linha, em um total de US$ 1 bilhão. O objetivo foi dar liquidez ao mercado, sobretudo por conta da maior pressão de compradores que precisam de dólar para remeter recursos para o exterior, demanda que costuma crescer em finais de ano.
Os investidores estrangeiros seguem cautelosos com o Brasil e, somente na segunda-feira, aumentaram a posição comprada no mercado futuro (dólar e cupom cambial) em US$ 700 milhões, segundo dados da B3. Com isso, o estoque total dessas posições, que apostam na alta da moeda, chegou a US$ 41,7 bilhões, um dos maiores níveis das últimas semanas.
Para o economista-chefe do Santander, Maurício Molon, o ambiente externo deve seguir mais desafiador em 2019, pressionando o dólar. Ele projeta a moeda americana mais para a casa dos R$ 4,00 no ano que vem. No início do ano, porém, há chance de as cotações se aproximarem de R$ 3,80, por conta do movimento de reposicionamento dos investimentos nos mercados emergentes.
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