Afif: política de estímulo ao crédito precisa ser mantida no pós-covid
O assessor especial do Ministério da Economia também disse que o Simples Nacional deveria ser um modelo para a reforma tributária
Em entrevista à Agência Sebrae de Notícias, Guilherme Afif Domingos, assessor especial do Ministério da Economia, disse que o país atravessa uma revolução no sistema financeiro, que é marcada pelo aumento da concorrência no mercado de crédito.
Segundo ele, há um maior número de players concedendo recursos às empresas, muitos, operando fora do sistema bancário tradicional. “Temos as cooperativas de crédito, as Fintechs, os sistemas eletrônicos de acesso criados pelo Banco Central. Hoje há uma série de alternativas que permitem desobstruir o caminho do crédito”, disse Afif.
Em meio à pandemia, o crédito ganha uma importância vital para os negócios, em especial para os pequenos, que costumam ter mais dificuldades para obter empréstimos no sistema bancário. Afif acredita que políticas que simplificaram o acesso dos pequenos negócios aos empréstimos devam ser consolidadas e mantidas no pós-pandemia.
“Veja aí o Pronampe: ele surgiu de uma ideia antiga nossa que era o fundo garantidor, o Fampe. Propus ao ministro Paulo Guedes utilizar a capilaridade da Receita Federal para comunicar que o Tesouro Nacional seria o garantidor do recurso emprestado pelo Pronampe. A instituição fez o papel de fundo de garantia para o recurso que é originário do FGO do Banco do Brasil... Essas medidas elaboradas devido à pandemia devem ser consolidadas daqui para a frente”, disse.
Outra frente defendida por Afif é o microcrédito localizado, oferecido pela figura da Empresa Simples de Crédito (ESC). Hoje há cerca de 800 empresas desse tipo, que usam recursos próprios para emprestar a empreendedores locais.
O assessor especial disse que as linhas especiais criadas em meio à pandemia, como o Pronampe, acabaram atropelando a atuação das ESC. “Essas medidas alternativas não permitiram que a gente visualizasse o papel da ESC. Vamos esperar que elas entrem no hall das medidas importantes para abrir o caminho do crédito para o pequeno empresário”, afirmou Afif.
Na entrevista, ele também ataca os críticos do Simples Nacional, que costumam equiparar o regime simplificado a renúncia fiscal. “O regime especial nasce de uma disposição constitucional, portanto os tecnocratas, burocratas, economistas de cabeça de planilha, que não conhecem a realidade do dia-a-dia, consideram o Simples como renúncia fiscal. Na verdade, quem está no Simples paga imposto de uma forma simplificada. Isso não significa que o governo está fazendo um favor de conceder à pequena empresa o sistema diferenciado de recolhimento”, disse.
Afif ainda sugere que o Simples Nacional seja usado de modelo para a reforma tributária. “Quem não está no Simples cai no complicado. E quem fica no complicado não sobrevive.”
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