Avaliação é da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), que manteve a nota de risco de crédito do país em BB
| Agência de notícias do jornal O Estado de S.Paulo
Uma piora da situação política no Brasil que provoque reversão na agenda de reformas do governo pode levar a um rebaixamento da nota soberana do país, afirmou a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) nesta sexta-feira (10/02).
Um dos fatores que podem dificultar a governabilidade do presidente Michel Temer é a piora da crise dos Estados, destaca a S&P em relatório assinado pelos analistas Lisa Schineller, Joydeep Mukherji e Roberto Sifon-arevalo.
A pressão para resolver problemas em determinadas regiões pode contaminar a política nacional, ressalta a agência de classificação de risco.
Já se o cenário político se estabilizar ou melhorar, a S&P pode revisar a perspectiva da nota brasileira para "estável".
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Hoje, a agência reafirmou a nota soberana do Brasil em "BB" e manteve a perspectiva em "negativa". "Os desafios políticos e econômicos do Brasil permanecem significativos", disse a S&P.
A melhora do ambiente político pode ajudar no avanço mais rápido da agenda de reformas, de acordo com o comunicado. Com isso, as contas fiscais do país também teriam uma estabilização e melhorariam as perspectivas de crescimento para o Brasil.
"Os consideráveis desafios fiscais e econômicos no Brasil exigem um compromisso político firme."
A avaliação da S&P é que, apesar do avanço recente na agenda de reforma fiscal no governo Temer, com a aprovação de um teto que limita o crescimento do gasto público, as crescentes incertezas políticas, a crise dos Estados e a economia ainda em recessão sinalizam que o ajuste será lento e demorado.
A S&P prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ter baixo crescimento pelos próximos anos. A previsão da agência é de expansão de 0,9% para o PIB este ano, 2% em 2018 e 2,3% em 2019. O déficit nominal do governo deve ficar em mais de 7% entre 2017/2019 e a dívida pública líquida deve ficar em cerca de 67% do PIB até 2019.
O QUE ISSO SIGNIFICA
A agência de classificação de risco S&P manteve o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento e reafirmou a perspectiva negativa para a nota do país, o que significa que a classificação da dívida pública brasileira pode ser rebaixada a qualquer momento.
O grau de investimento representa a garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública. Desde fevereiro do ano passado, o Brasil está enquadrado dois níveis abaixo dessa categoria.
Em comunicado, a S&P informou que as incertezas políticas, as tensões sociais, a lentidão na recuperação econômica e a crise financeira em alguns estados mantêm em um terço as chances de que o Brasil sofra um novo rebaixamento nos próximos meses.
“A perspectiva negativa reflete nossa visão de que há pelo menos uma probabilidade em três de que possamos rebaixar o rating do Brasil mais para o final do ano”, destacou a agência.
De acordo com a S&P, a aprovação de medidas econômicas, como o teto para os gastos públicos, foram importantes, mas as ações estão em fase inicial. Além disso, o reequilíbrio das contas públicas pode ser emperrado pela instabilidade política.
“Enquanto o governo Temer e o Congresso avançaram em algumas legislações para reforçar a trajetória fiscal, considerando a combinação do estágio inicial das medidas e o tamanho do ajuste necessário, esperamos por evidências adicionais do progresso em estabilizar a economia e reduzir a incerteza política”, ressaltou a S&P no comunicado.
AVALIAÇÃO DE AGÊNCIA REFORÇA BAIXO CRESCIMENTO
A expectativa de recuperação do rating brasileiro sofreu revés nesta sexta-feira (10/02) quando a agência de classificação de riscos S&P manteve a nota soberana em BB, com perspectiva negativa.
Na avaliação do economista Luis Afonso Fernandes Lima, da Mapfre Investimentos, o anúncio da instituição reforça a ideia de que o país ainda encontra-se num processo de ajuste, com crescimento baixo, demanda reprimida e em processo de desalavancagem.
"Não foi balde d'água nas expectativas, mas um novo copo d'água fria", afirmou o especialista.
Ele lembrou que, há alguns dias, a diretora da agência, Lisa Schineller, já dissera que "serão necessários vários anos e sucessivas administrações federais" para viabilizar a recuperação econômica do Brasil.
O economista da Mapfre Investimentos apontou que o Brasil ainda deve ter alguns anos de baixo crescimento, enquanto ocorre também a diminuição do endividamento das famílias.
"Já começamos o processo de ajuste, em parte. Mas a demanda doméstica não deve reagir tão cedo e o consumo segue contigo", afirmou o especialista, ao destacar investimentos privados e públicos limitados. Para ele, o endividamento das famílias ainda encontra-se elevado e inibe o consumo.
IMAGEM: Thinkstock
Com Agência Brasil
Atualizado às 19h25
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