Nova Previdência está perdendo para lobby dos servidores, diz Guedes
O ministro lamentou mudanças realizadas na proposta de reforma do governo que reduziram a economia prevista de R$ 1,2 trilhão para R$ 860 bilhões
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira, 14/06, que o relatório da reforma da Previdência resulta em economia fiscal de R$ 860 bilhões em dez anos, e não em R$ 913,4 bilhões, como afirmou o relator do texto, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).
Na visão do ministro, esse montante (R$ 860 bi) inviabiliza a Nova Previdência, ou seja, a implementação do sistema de capitalização para os trabalhadores mais jovens.
"Não precisava nem tirar a emenda de capitalização. Só o fato de tirar (economizar) R$ 860 bilhões, já acabou com a reforma da Previdência. Achei redundante tirar a emenda de capitalização. Não vamos fazer mesmo", afirmou Guedes, após participar de evento no Consulado-Geral da Itália, no Rio.
A jornalistas, Guedes disse que está vencendo a velha Previdência. "Se sair só R$ 860 bilhões de cortes, o relator está dizendo o seguinte: abortamos a Nova Previdência e gostamos mesmo da velha Previdência. Cedemos ao lobby dos servidores públicos, que eram os privilegiados", afirmou o ministro.
Guedes também lamentou o fato de o relatório de Moreira deixar de fora da reforma os Estados e municípios, "porque eles estão fragilizados financeiramente". "Se fizerem um número de R$ 860 bilhões, estão dizendo que vamos ter problemas lá na frente, porque Estados e municípios estão fora", afirmou o ministro.
Segundo Guedes, com a reforma do jeito que ficou após o relatório, será necessário fazer novos ajustes no futuro. "Para o governo Bolsonaro, está resolvido. Já levantaria os R$ 860 bilhões. Agora, daqui a cinco ou seis anos tem outra reforma. Continuam com a velha Previdência", afirmou o ministro.
RELATÓRIO
Ao apresentar o relatório na quinta-feira, 13/06, o deputado Moreira informou que o impacto fiscal da proposta para a União ficaria em R$ 913,4 bilhões em dez anos.
A meta da proposta do governo federal era de R$ 1,2 trilhão. No relatório, para compensar a perda de impacto fiscal com mudanças propostas, o relator sugeriu aumentar a alíquota da Contribuição sobre Lucro Líquido dos bancos de 15% para 20%, o que renderia R$ 5 bilhões por ano.
O relatório também sugeriu a transferência dos repasses do FAT do BNDES para a Previdência.
*Com informações do Estadão Conteúdo
IMAGEM: José Cruz/Agência Brasil Brasília-DF