Janeiro registra nova queda na confiança do consumidor
Pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com a Behup aponta que a população está preocupada com o desemprego, e pouco disposta a consumir neste momento
Em janeiro, o Índice Nacional de Confiança (INC, pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com a startup Behup, apontou nova queda sobre as expectativas futuras por parte do consumidor.
No mês, foram registrados 82 pontos, dois a menos que em dezembro - o que indica que o atual cenário econômico não é dos melhores desde o início da pandemia. A análise vai de 0 a 200 pontos.
Na quarentena, em maio e junho do ano passado, o índice chegou a 77, mas vinha crescendo até que, em novembro, atingiu 86 pontos, em um cenário mais otimista. Em dezembro, já houve recuo para 84. Agora, esse novo recuo reflete as incertezas, relacionadas principalmente às condições de emprego e consumo.
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Desde o início do isolamento social, o medo de ficar desempregado cresceu. Até fevereiro de 2020, a maioria dos entrevistados para o INC dizia estar mais segura no emprego, na comparação com seis meses antes.
A partir de março, os receosos passaram a ser a maioria da população. No mês de janeiro, 35%, dos 1.500 entrevistados para este atual levantamento disseram estar menos seguros quanto à estabilidade no emprego. O número daqueles que disseram estar mais seguros é menor, 28%.
De acordo com o levantamento, 62% dos entrevistados afirmaram conhecer alguém que perdeu o emprego nos últimos seis meses devido às condições atuais da economia.
Diante disso, quando o brasileiro olha para a frente, as perspectivas não são melhores: para 61% dos entrevistados para o INC em janeiro, o desemprego vai aumentar. No mês passado, 58% tinham essa expectativa.
As finanças pessoais também preocupam os brasileiros, que perderam renda com a paralisação da economia. A pesquisa apontou que 46% consideram a própria situação financeira ruim. Já os que a consideram boa são 30%.
“Estamos vivendo um cenário de incerteza econômica”, afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “As medidas para o isolamento social adotadas pelos estados e municípios e a pouca disponibilidade de vacinas estão refletindo diretamente na falta de confiança do consumidor.”
CONSUMO
Com renda menor e dúvidas em relação ao emprego, o consumo inevitavelmente acaba afetado. O INC mostra que a maioria dos brasileiros estaria pouco disposta a fazer grandes compras, como a de um carro ou casa.
Em janeiro, 38% dos entrevistados disseram não ter confiança para compras com esse perfil. Já os que se mostraram confiantes representaram 29% da amostra. O mesmo comportamento é observado para a compras de eletrodomésticos: 33% estão pouco confiantes, contra 32% que se mostraram dispostos.
“O fim do Auxílio Emergencial diminuiu o poder de compra e também afetou bastante a confiança do consumidor em relação ao futuro do país”, destaca Solimeo.
A região do Brasil mais confiante na economia é a Centro-Oeste com 107 pontos, seguida pela Norte (95), Sudeste (79), Sul (78) e Nordeste (76). “O consumidor mais confiante é aquele que vê a economia de seu estado se manter ativa, porque as principais atividades são ligadas à agricultura, pecuária e ao extrativismo mineral que não perderam tanto a força com a pandemia”, conclui o economista.
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