Economia encontra-se em estado de ‘inércia positiva’
A análise é de economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que projetam crescimento lento baseado na política econômica e nas reformas estruturais
Se bem é certo que analistas de mercado nacionais e internacionais realizaram revisões para baixo das projeções de crescimento da economia brasileira para 2017 e 2018, não se pode deixar de reconhecer que, apesar da crise político-institucional sem precedentes que se instalou no País, após a delação da JBS, continua havendo diversos sinais de recuperação da atividade.
As vendas do varejo continuam mostrando perdas de intensidade nas contrações observadas nos resultados acumulados em 12 meses, que permitem apreciar de forma mais clara as tendências desse setor.
A recomposição do poder aquisitivo das famílias, devido ao recuo da inflação, a liberação dos recursos inativos do FGTS, a redução da taxa de juros e a base fraca de comparação de 2016 entram como fatores explicativos.
No caso da indústria, também continua a ser observada uma tendência de arrefecimento nas retrações registradas na mesma base de comparação anterior, o que se explica fundamentalmente pelo desempenho positivo de alguns segmentos orientados à exportação.
Até mesmo o setor de serviços, o principal em termos da produção total, após longo período de quedas consecutivas em termos anuais, começou a esboçar algum arrefecimento no resultado acumulado em 12 meses, devido principalmente à maior demanda por transportes e armazenamento por parte dos setores agrícola e industrial.
É certo que o aumento da incerteza política provocou reduções nos índices de confiança do consumidor e dos empresários, o que tenderia a diminuir as intenções de compra das famílias e de investimento produtivo das firmas ao longo dos próximos meses.
Porém, essas reduções não foram realmente significativas, permanecendo próximas às margens de erro a que são sujeitos os cálculos desses indicadores.
Por sua vez, o setor agrícola segue apresentando recordes na produção anual, o que contribui para a retomada da atividade de forma direta, e também de forma indireta, aumentando a oferta de alimentos, o que contribui para reduzir seus preços, garantindo a continuidade da redução da inflação, e, portanto, das taxas de juros.
Embora a recuperação da economia siga sendo bastante lenta, a crise política não tem sido capaz de alterar sua trajetória, que, num primeiro momento, tem implicado em arrefecimento da contração, para posteriormente iniciar novo ciclo de crescimento.
Crucial para que não se desfaça essa inércia positiva é a manutenção da direção da política econômica e das reformas estruturais, principalmente a previdenciária.
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