Cresce o número de pessoas ocupadas como pessoa jurídica
Estudo do IBGE mostra que no ano passado 7,66 milhões de brasileiros trabalhavam nessa condição
O número de pessoas que trabalham por conta própria registradas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), ou então que estão ocupadas como empregadores, passou de 23,9% do total dos trabalhadores em 2012 para 28% no ano passado.
Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C): Características Adicionais do Mercado de Trabalho, divulgada nesta quinta-feira, 8/11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No total, no ano passado, 7,66 milhões de pessoas estavam ocupadas como pessoa jurídica.
A região com mais pessoas ocupadas como empregadores ou trabalhadores por conta própria com registro no CNPJ é o Sul, com 38,1%. No Norte são 12,4% do total.
Por grupo de atividade, a maior proporção é no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 42,5%, e a menor está na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 6,1%.
LOCAL DE TRABALHO
No total, 63% dos trabalhadores permanecem ou moram na área do próprio empreendimento. Ficaram em local designado pelo empregador, patrão ou freguês 12,5% e, em fazenda, sítio, granja ou chácara, 11,1%.
Há também 2,8% que trabalham em via pública, 3,8% em veículo automotor e 4,3% em domicilio ou residência.
Segundo Adriana Beringuy, economista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, o trabalho no domicílio de residência teve aumento de 443 mil postos, chegando a cerca de 3 milhões.
“Não sabemos se todas essas pessoas necessariamente perderam seu vínculo formal, em empresas. Mas, com certeza, pessoas que tinham o seu vínculo formal viram nesse tipo de atividade, exercida no próprio domicílio, uma alternativa”, disse a economista.
NÚMERO DE OCUPADOS
O levantamento do IBGE mostra que o número de pessoas ocupadas no Brasil – em todas as categorias - aumentou de 89,7 milhões em 2012 para 91,4 milhões em 2017.
O estudo indica que o pico de pessoas ocupadas no país ocorreu em 2015, com 92,6 milhões, tendo caído 1,5% em 2016 e apresentado “discreta” recuperação de 0,3% em 2017.
Adriana explicou que a proporção entre homens e mulheres no mercado ficou um pouco mais equilibrada, porém, o motivo principal foi a perda de postos de trabalho pela parcela masculina.
“A gente tem estruturalmente que os homens são predominantes na população ocupada, na série histórica desde 2012. Essa diferença sempre existiu. O que houve em 2017 é que a queda da ocupação entre os homens foi tão acentuada que essa diferença ficou menor, não necessariamente porque houve um grande avanço na ocupação da mulher”, disse.
Na análise por sexo, o predomínio masculino permanece com 56,6% das pessoas ocupadas em 2017 sendo homens.
Porém, a expansão na ocupação se deu apenas entre as mulheres no ano passado, o que fez com que a diferença de ocupação entre os sexos chegasse ao menor valor na série analisada, passando de 42,3% das pessoas ocupadas, sendo mulheres em 2012, para 43,4% em 2017.
SETOR PRIVADO
A leve recuperação na ocupação vista no ano passado não se reflete no setor privado, já que o número de trabalhadores com carteira assinada teve queda de 1,12 milhão, chegando a 36,3% das pessoas ocupadas, enquanto cresceu o contingente de trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira assinada.
Segundo Adriana, os dados ainda não refletem os efeitos da reforma trabalhista, aprovada em 2017.
“Os dados são de 2017 e a implantação [da reforma trabalhista] foi no fim de novembro de 2017, e na prática começou a ser feita em 2018. Então a pesquisa não cobre os possíveis impactos da legislação”.
Por grupamento de atividade, o setor que mais perdeu postos de trabalho de 2015 para 2016 foi a indústria geral, com 1,3 milhão de pessoas a menos empregadas, mas também foi um dos que teve a maior recuperação em 2017, ganhando 335 mil pessoas empregadas no setor.
No total, 13% das pessoas ocupadas no Brasil trabalham na indústria. O destaque da recuperação de 2017 foi o grupamento de Alojamento e Alimentação, que recebeu 500 mil pessoas
O IBGE aponta também que a proporção de pessoas que trabalham no turno diurno na ocupação principal caiu de 93,3% em 2012 para 92,5% em 2017. O total fica em 90,6% entre os homens e em 94,6% entre as mulheres.
IMAGEM: Agência Brasil