Crédito ao comércio tem baixa de 0,7% em novembro
Na comparação com outubro, o setor agropecuário foi o único a registrar alta de 0,8%. Financiamentos secaram de maneira mais intensa para as empresas
O Banco Central (BC) informou nesta sexta-feira (23/12) que houve variação de outubro para novembro do estoque de crédito nos três setores de atividade: agropecuária, indústria e serviços.
O crédito total ficou estável, em R$ 1,554 trilhão. A agropecuária avançou 0,8%, a indústria teve baixa de 0,1% e os serviços cederam 0,2%.
No crédito para pessoa jurídica com sede no exterior e créditos não classificados (outros), o avanço foi de 4,8%.
O crédito para o setor de serviços ficou em R$ 735,803 bilhões em novembro.
Dentro desse setor, o comércio apresentou baixa de 0,7% (R$ 267,132 bilhões) no mês passado. Em transporte, cedeu 2%, para R$ 146,402 bilhões.
Na administração pública, houve alta de 2,6%, para R$ 127,960 bilhões. A categoria "outros" ficou estável em R$ 194,307 bilhões.
Para a indústria, o crédito recuou na margem, para R$ 760,266 bilhões. Na construção, houve alta de 3,6% no mês passado, para R$ 106,089 bilhões.
A indústria de transformação ficou estável em R$ 420,629 bilhões. Já nos serviços industriais de utilidade pública (SIUP) houve recuo de 0,5% no mês passado, para R$ 201,764 bilhões. No caso da extrativa, houve uma queda de 9% em novembro, para R$ 31,784 bilhões.
Para o setor agropecuário, o aumento foi de 0,8% em novembro ante outubro, para R$ 23,817 bilhões.
QUEDA FOI MAIOR PARA AS EMPRESAS
Os dados sobre o mercado de crédito do BC mostram que 2016 foi um ano adverso, mas já há sinais de reação na ponta.
Foi o que apontou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel. Ele frisou que o mercado de crédito apresentou expansão em novembro, após seis meses de queda. A expansão, reconheceu Maciel, ainda é modesta e que os montantes mostram recuo em 12 meses. "Mas há sinais de acomodação", disse.
Não será, porém, algo suficiente para reverter o encolhimento ocorrido ao longo do ano. Pelo contrário, o Banco Central reviu sua projeção para o comportamento do saldo total, de uma queda de 2% para uma retração mais forte, de 3%. Esse resultado, apontou ele, decorre da retração econômica.
Dentre a modalidades de crédito, o segmento mais impactado pela retração foi o das pessoas jurídicas. "O mercado recuou puxado pela dinâmica da economia", disse Maciel.
Houve queda na demanda por empréstimos de capital de giro, principalmente por parte de micro e pequenas empresas. Também houve impacto da redução da concessão de crédito pelo BNDES.
Para as famílias, houve uma ligeira expansão, bem menor do que aquelas registradas nos últimos anos. O crédito à pessoa física recuou sobretudo pela retração na compra de veículos.
"As pessoas pensam duas vezes, no momento adverso, em comprometer a renda futura na aquisição de bem de maior valor", explicou. Em novembro, especificamente, o crédito à pessoa física aumentou em função das compras em cartão de crédito puxadas pelo Black Friday.
EXPECTATIVA POSITIVA PARA 2017
Maciel afirmou a instituição projeta que o estoque total de crédito deve crescer 2,0% no próximo ano.
A perspectiva leva em conta uma melhora do ambiente econômico no Brasil em 2017. Na quinta-feira, 22, o BC revisou para baixo sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, de crescimento de 1,3% para avanço de 0,8%.
As projeções por instituições financeiras mostraram que as públicas devem registrar crescimento de 3,0% no crédito em 2017. A estimativa para as privadas é de crescimento de 1,0% no próximo ano e, para as estrangeiras, de avanço de 2%.
Já a projeção para a relação crédito/PIB em 2017 é de 48,0%.
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