Contas externas apresentam o melhor resultado em 7 anos
Investimento Direto no País de estrangeiros ao setor produtivo foi de US$ 6,8 bilhões em abril, segundo dados do Banco Central
O Investimento Direto no País (IDP) movimentou US$ 6,8 bilhões no mês passado, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (24/05), pelo Banco Central (BC).
No ano até abril, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 23,753 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses até o mês passado, o saldo de Investimento Estrangeiro ficou em US$ 79,903 bilhões, o que representa 4,61% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país).
O Banco Central também apresenta nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" - que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil ao invés de repatriá-lo para a matriz. Essa conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em abril, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 621 milhões.
Economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) lembram que a entrada de investimento direto no país está cobrindo o déficit (saldo negativo) das transações correntes do país.
"Somente nos primeiros meses do ano esses recursos somaram US$ 23,7 bilhões, superando o montante de US$ 18,9 bilhões, registrados no ano passado. Mesmo com as crises política e econômica, esses capitais financeiros de longo prazo acumularam saldo positivo de US$ 64,4 bilhões nos últimos doze meses", afirmam.
Para eles, se essa tendência de ajuste das contas externas for mantida, inclusive em relação à balança comercial - que acumulou um saldo de US$ 4,0 bilhões até a terceira semana de maio -, a perspectiva é de equilíbrio da conta corrente até o final do ano, eliminando qualquer possibilidade de crise cambial.
O saldo negativo (déficit) das contas externas do país continua com forte tendência de queda, podendo atingir brevemente o equilíbrio. É o que mostram os dados de abril do balanço de pagamentos, divulgados pelo Banco Central.
Após sete anos de saldos negativos, a conta transações correntes do balanço de pagamentos - que é equivalente à diferença entre exportações e importações de bens e serviços - voltou a registrar um saldo positivo (superávit) de US$ 412 milhões, enquanto no mesmo mês do ano passado teve um saldo negativo (déficit) de US$ 6,8 bilhões.
No período acumulado de doze meses até abril, o déficit recuou de US$ 99,7 bilhões para US$ 34,1 bilhões, que, em relação ao PIB, passou de -4,51% para -1,97%.
A recessão econômica, ao reduzir a demanda interna e a depreciação do câmbio, que encarece os produtos importados, são as causas principais do ajuste das contas externas, que ocorre desde os primeiros meses do ano passado.
No primeiro quadrimestre do ano, as importações de bens recuaram de US$ 63,1 bilhões para US$ 43,2 bilhões, queda de 31,5% frente ao mesmo período de 2015.
As exportações, na mesma base de comparação, registram ainda um recuo de -3,3% (US$ 57,6 para US$ 55,7 bilhões), mas parecem começar a se recuperar, resultando em pequeno superávit da balança comercial (diferença entre exportações e importações de mercadorias) em abril.
O dólar mais caro e a queda atividade econômica estão contribuindo para reduzir as despesas com o pagamento de serviços prestados ao país, nos primeiros quatro meses do ano.
Entre essas, destacam-se os menores gastos de turistas brasileiros em viagens ao exterior (de US$ 4,8 para US$ 1,7 bilhões), de transporte de mercadorias (US$ 2,4 para US$ 1,0 bilhão), de aluguel de equipamentos (de US$ 7,2 para US$ 6,6 bilhões), de juros (de US$ 8,5 para US$ 7,2 bilhões) e da remessa de lucros e dividendos pelas empresas estrangeiras sediadas no país (de US$ 5,0 para US$ 4,7 bilhões), em comparação com o mesmo período do ano passado.
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