Confiança do consumidor melhora em agosto, diz ACSP
Esta foi a terceira alta seguida do Índice Nacional de Confiança, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
O Índice Nacional de Confiança (INC), indicador da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que mede o humor dos consumidores brasileiros, avançou 1 ponto percentual entre julho e agosto, aos 74 pontos, na terceira alta mensal seguida.
Mas o crescimento do INC desacelerou. Os dados da ACSP mostram que o desemprego e a situação das finanças pessoais ainda preocupam os brasileiros.
Quase a metade dos entrevistados ouvidos para o estudo em agosto - 47% deles – considerou a própria situação financeira ruim. Houve um pequeno recuo, de 2 pontos percentuais, em relação ao resultado de julho.
A escalada da inflação mina a renda do consumidor. Em 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, registra 8,99%, nível mais elevado desde maio de 2016.
Os preços de alimentos, gás de cozinha e energia elétrica estão entre os que tiveram as maiores altas nos últimos meses. Esses são itens que afetam mais a renda dos mais pobres.
Não é à toa que o subíndice que mede a confiança das classes D/E seja o mais baixo, registrando 54 pontos em agosto, enquanto o da classe C está em 80 pontos e das classes A/B, em 78 pontos.
Vale destacar que o INC, e seus subíndices, variam de zero a 200 pontos, sendo que resultados abaixo de 100 mostram pessimismo.
“Há muitas variáveis a serem consideradas ainda para que o INC volte ao campo positivo, por isso, não há muita expectativa no momento de que isso ocorra brevemente”, afirmou Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP. “Precisamos sair da pandemia, e alcançarmos uma maior estabilidade econômica e política no país”, explicou.
Com relação ao mercado de trabalho, 33% dos entrevistados para o estudo ainda sentem pouca segurança no emprego na comparação com seis meses atrás, enquanto 30% afirmaram estar mais confiantes em sua estabilidade.
Quando questionados se conhecem alguém que perdeu o emprego nos últimos seis meses, 60% afirmaram que sim. Embora nesse caso tenha ocorrido queda de 4 pontos percentuais em relação ao resultado de julho, o número ainda é muito elevado.
O sentimento dos consumidores tem fundamento na realidade. O desemprego atinge quase 15 milhões de brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O receio de perder o emprego e o dinheiro disponível apertado seguram o ímpeto de consumo, especialmente de grandes itens. A pesquisa da ACSP mostra que 36% dos entrevistados afirmaram estar hoje menos dispostos a gastar com bens para o lar, como um fogão ou uma geladeira, do que estavam seis meses atrás. O percentual é exatamente o mesmo de julho.
Já os que disseram estar mais dispostos a fazer aquisições desse tipo equivalem a 32% dos entrevistados, 1 ponto percentual a mais que o observado em julho.
Com relação à compra de bens de valor ainda maior, como um carro ou uma casa, 38% afirmaram estar menos propensos a fazer essas aquisições na comparação com seis meses atrás. Em julho, 40% deram essa resposta.
Os que afirmaram estar mais dispostos a essas compras de grande valor se mantiveram em 29% da amostra do INC, entre julho e agosto.
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