Brexit dará mais liberdade para a União Europeia implementar reformas
A avaliação é de Christine Lagarde (foto), diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional). Para atrair investimentos após a saída do bloco, Reino Unido deve cortar os impostos corporativos do país para apenas 15%
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse hoje que o movimento de separação do Reino Unido e da União Europeia (Brexit) dará mais liberdade para o bloco para implementar reformas e projetos que os britânicos se opunham no passado, de acordo com o jornal Financial Times.
Em um tom otimista, Lagarde também teria dito que o Reino sairá da crise "no topo".
Os comentários foram feitos em uma conferência de negócios em Aix-en-Provence, no sul da França.
Recentemente, o FMI alertou que o Brexit poderia desencadear um "período prolongado de incertezas".
Mas na visão de Lagarde, "talvez hajam coisas que os comissários europeus poderiam considerar fazer, agora que os britânicos não estão mais à mesa de negociações".
Mais cedo, o membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), Benoît Coeuré, disse que ainda é muito cedo para decidir sobre como responder à decisão do Reino Unido de sair da UE, dada a atual incerteza econômica e política.
Os comentários indicam que o BCE vai esperar um tempo para avaliar como os bancos e as empresas da zona do euro estão reagindo ao choque antes de tomar quaisquer medidas de estímulo adicionais.
Economistas especulavam que o BCE poderia agir já em setembro para reforçar a economia do bloco.
"Há coisas que podemos fazer, mas é muito cedo para decidir se o Brexit pede ação do banco central", disse Coeuré.
A surpresa com o resultado do referendo resultou em quedas nos mercados de ações globais, com os papéis de bancos europeus particularmente sob pressão.
A libra tem caído em relação ao dólar e outras moedas, e o euro também perdeu terreno.
REINO UNIDO CORTARÁ IMPOSTOS APÓS BREXIT
O chefe do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, planeja cortar os impostos corporativos do país para apenas 15%, em um esforço para atrair investimentos, após o impacto da decisão dos britânicos de se separarem da União Europeia (movimento conhecido com Brexit).
Osborne anunciou a nova meta de impostos em uma entrevista ao Financial Times publicada neste domingo.
A atual taxa é de 20% e a autoridade já havia planejado reduzi-la para 17% até 2020, o que faria dos impostos corporativos do Reino Unido os mais baixos entre o grupo das 20 nações mais industrializadas e desenvolvidas.
O corte de impostos é parte de um plano mais amplo para impulsionar a economia do país na esteira do Brexit, de acordo com Osborne.
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) disponibilizou 250 bilhões de libras (US$ 333 bilhões) em um montante de emergência para os bancos que podem ter de lidar com problemas de financiamento, e o presidente do BC, Mark Carney, sinalizou que a autoridade monetária pode cortar as taxas de juros nos próximos meses.
FOTO: Agência Brasil