Balança encerra 2016 com superávit recorde de US$ 47,69 bi
Saldo positivo superou o de 2006, de US$ 46,5 bilhões, até então o maior da série histórica iniciada em 1989
A balança comercial brasileira teve superávit recorde de US$ 47,69 bilhões em 2016.
O saldo positivo superou o de 2006, de US$ 46,5 bilhões, até então o maior desde o início da série histórica em 1989. Em dezembro, houve superávit de US$ 4,4 bilhões.
Os números foram divulgados nesta segunda-feira (02/01) pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
A balança comercial tem superávit quando as exportações, vendas do Brasil para parceiros de negócios no exterior, superam as importações, que são as compras do país no exterior.
O saldo positivo anual resultou de US$ 185,2 bilhões exportados e US$ 137,5 bilhões em importações.
MÉDIA DIÁRIA CAI 3,5%
Apesar do superávit recorde, a média diária exportada (valor negociado por dia útil) caiu 3,5% em relação ao número de 2015.
Para as importações, a média diária recuou 20,1% em relação ao ano anterior.
O saldo positivo em 2016 ocorreu porque as importações caíram em ritmo mais acentuado que as exportações.
O principal motivo da queda nas compras no exterior foi a contração da economia brasileira, com queda na importação de insumos pela indústria.
RECORDE
O país bateu recorde na quantidade de mercadorias exportadas no ano passado. Foram 645 milhões de toneladas, alta de 2,9% em relação a 2015. Foi o sétimo aumento anual consecutivo.
Houve recorde no volume exportado de minério de ferro, óleos brutos de petróleo, açúcar de cana em bruto, celulose, minérios de alumínio e seus concentrados, óxidos e hidróxidos de alumínio, carne de frango, suco de laranja não congelado, polímeros de etileno, propileno e estireno e madeira em estilhas ou partículas.
Também foram destaque o crescimento nas exportações de produtos manufaturados como automóveis e aviões. Os automóveis tiveram alta de 44,3%, com 135 mil unidades a mais, e os aviões, aumento de 15,3%, com 34 unidades a mais.
Esse desempenho contribuiu para reduzir o déficit comercial de produtos manufaturados, que caiu 40%, para US$ 43,7 bilhões, o menor resultado desde 2009. Em 2015, o saldo havia ficado negativo em US$ 71,9 bilhões.
Houve queda na quantidade exportada de café em grão, de 9,4%; soja em grão, de 5,4%; semimanufaturados de ferro e aço, de 3,5%; e farelo de soja, de 3%.
O destaque negativo nas exportações foram os preços, que caíram 6,2 % em média ante 2015. Entre os principais produtos que compõem a pauta de exportações brasileiras, só houve aumento no preço do açúcar em bruto, de 12,3%.
Em 2016, a soja teve o menor preço médio desde 2007; o minério de ferro teve o menor preço desde 2005; e o petróleo em bruto, o menor preço desde 2004.
Já as importações registraram recuo de 12,2% nas quantidades e de 9% nos preços ante o ano anterior. O maior destaque foi a queda de 43,1% nas importações de combustíveis e lubrificantes.
Também caíram as compras de bens de capital (21,5%), bens de consumo (19,3%) e bens intermediários (14,9%).
PREVISÃO PARA 2017
A balança comercial deve registrar neste ano um superávit semelhante ao de 2016, de US$ 47,7 bilhões.
De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Abrão Neto, tanto as exportações quanto as importações devem aumentar neste ano.
"Não vamos fechar uma base de comparação exata ainda. Pode ser acima de US$ 50 bilhões, mas prevemos um patamar semelhante, entre US$ 47 bilhões e US$ 48 bilhões", disse.
A projeção leva em conta um câmbio médio de R$ 3,40. No ano passado, a taxa média do dólar foi de US$ 3,48, segundo ele.
O secretário mencionou que o agronegócio deve contribuir para elevar as exportações. A previsão da Conab é de uma safra recorde de 213 milhões de toneladas, alta de 14% em relação ao ano passado.
Em relação às commodities agrícolas, Abrão Neto disse que o crescimento na produção mundial de soja e milho pode levar a uma redução nos preços, mas o açúcar deve manter a tendência de alta.
Abrão Neto citou ainda as projeções de organismos como FMI e OMC de aumento do crescimento econômico mundial e do comércio internacional.
Principais parceiros comerciais do País, China, Estados Unidos e Argentina devem ter crescimento econômico neste ano.
Também deve ajudar na elevação das exportações o desempenho dos setores automotivo e de carnes. Além disso, deve contribuir para esse desempenho o aumento do número de exportadores brasileiros, que subiu 9,3% em 2016 e atingiu a marca de 22.205 empresas, maior número desde 2004.
Do lado das importações, o secretário disse que a retomada do crescimento da economia brasileira deve elevar a demanda por compras externas.
Segundo ele, há uma expectativa de melhora no preço das commodities minerais, que deve influenciar tanto as exportações, devido ao minério de ferro, quanto as importações, em razão de petróleo e derivados.
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Com informações de Estadão Conteúdo