A boa notícia dos juros
Apesar dos efeitos positivos dos juros menores, estes deverão demorar alguns meses em se materializar
Embora vários indicadores disponíveis apontem para uma queda da atividade econômica maior do que a esperada durante o último trimestre do ano passado, 2017 já começou com duas excelentes notícias.
Em primeiro lugar, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou 2016 com alta anual de 6,29%, abaixo do limite máximo de tolerância da meta de inflação (6,5%).
De posse dessa informação e da sinalização de que a continuidade da recessão econômica continuaria a exercer descompressão nos preços, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, em sua primeira reunião do ano, reduzir a taxa de juros básica (Selic) em 0,75 ponto percentual, surpreendendo a grande maioria dos analistas, que esperavam uma diminuição de 0,50 ponto percentual.
Essa redução da taxa Selic, que muito provavelmente deverá continuar ao longo do ano, diminui o custo do crédito para famílias e empresas, que poderão, portanto, ter mais facilidade em renegociar suas dívidas, abrindo a possibilidade de futuros aumentos no consumo e no investimento produtivo, essenciais para a recuperação da atividade econômica.
Contudo, apesar dos efeitos positivos dos juros menores, estes deverão demorar alguns meses em se materializar, pois o valor das prestações financeiras que as famílias enfrentam também depende dos prazos de financiamento, que não costumam aumentar imediatamente.
No caso da aquisição de máquinas e equipamentos, a grande capacidade ociosa atual e o tempo requerido para que as empresas se programem causarão demora na realização de novos empreendimentos.
Além disso, a recuperação efetiva do consumo e do investimento dependerá fortemente da retomada da confiança das famílias e dos empresários, o que, por sua vez,será determinado fortemente pela evolução da política econômica.
Nesse sentido, será importante que o Governo persevere no ajuste fiscal, colocando ênfase na aprovação da reforma da Previdência e na recuperação das finanças estaduais e municipais, porém condicionando qualquer ajuda dada a estes entes subnacionais a medidas de saneamento capazes de restabelecer sua solvência.
Ao que tudo indica, a política econômica continuará na direção certa, mostrando disposição, inclusive, em iniciar outras reformas estruturais importantes, tais como a trabalhista e a tributária. Resta saber se o Presidente Temer contará com o apoio político necessário para viabilizar sua implementação.
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