35 mil estão em férias coletivas na Zona Franca de Manaus
As fábricas de eletroeletrônicos, motos e produtos de informática são as mais atingidas, segundo levantamento do Centro da Indústria do Estado de Manaus
Mais de 30% dos trabalhadores da Zona Franca de Manaus estão ou vão entrar em férias coletivas nos próximos dias. Aproximadamente 35 mil funcionários dos setores eletroeletrônico, motos e produtos de informática terão as atividades suspensas por causa da queda de consumo.
Levantamento do Centro da Indústria do Estado de Manaus (Ciem) mostra que mais de dez empresas estão dispensando os trabalhadores neste período, algumas em razão da sazonalidade de seus produtos, como os fabricantes de motocicletas, e outras em razão do baixo desempenho das vendas.
LEIA MAIS: Redes líderes do varejo demitem funcionários
Ceca de 5 mil trabalhadores da Samsung estão em férias coletivas por duas semanas desde segunda-feira, 22. Toda a produção de televisores, celulares, notebooks, impressoras e monitores está parada.
A empresa informa ser "sazonal" a parada neste período do ano e que também suspendeu as atividades em anos anteriores.
Microsoft, Honda, Yamaha e Technicolor também possuem férias coletivas programadas. Os períodos de parada variam de duas semanas a um mês.
"Não é normal esse movimento tão forte de parada neste período do ano", diz o presidente da Ciem, Wilson Périco.
Ele ressalta ainda que, neste ano, cerca de 20 mil trabalhadores do polo industrial de Manaus foram demitidos. No fim do ano passado, as indústrias locais empregavam 125 mil pessoas e, hoje, são cerca de 105 mil.
Só no segmento de TVs, o faturamento no varejo caiu 28,8% de janeiro a abril, segundo o instituto GFK. As vendas de motocicletas caíram 17,8% no mesmo período, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).
VEÍCULOS
Na indústria automobilística há cerca de 30 mil trabalhadores fora das fábricas, de acordo com cálculos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O número equivale a quase 22% de toda a mão de obra das montadoras.
Desse total, quase 5 mil empregados estão em lay-off (com contratos de trabalho suspensos por até cinco meses). As vendas de veículos caíram 20,9% de janeiro a maio. Só o segmento de caminhões teve retração de 42,4%.
Na quinta-feira, 25, a Mercedes-Benz confirmou que colocará em lay-off 75 funcionários - de um total de 750 - da fábrica de caminhões em Juiz de Fora (MG). Esse grupo retorna em dezembro e outro, em número parecido, será dispensado, informa João César da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora.
O sindicato também negociou com a direção da Mercedes que os trabalhadores não terão aumento real em 2016 (o reajuste deste ano já estava acertado) e que a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) será de R$ 5 mil neste ano, ante R$ 6,5 mil no ano passado.
SIDERURGIA
Em razão da baixa demanda por seus produtos, empresas dos setores de mineração e siderurgia também estão adotando medidas de corte de produção.
A Gerdau vai suspender temporariamente os contratos de 100 funcionários em Charqueados (RS), a partir da primeira quinzena de julho, por cinco meses. A Vale dará férias coletivas a 170 operários em Brumadinho e Sarzedo (MG), em julho.
LEIA MAIS: Varejistas dizem a Levy que nível de confiança precisa crescer
Foto: Estadão Conteúdo/Alberto César Araújo