Zona Franca de Manaus registra 30% de queda na produção
A crise puxou o resultado, que levou ao corte de cerca de 20 mil trabalhadores, segundo a Suframa
Em 2015, a Zona Franca de Manaus registrou queda de 30% na produção devido à crise econômica, e cerca de 20 mil trabalhadores perderam o emprego.
Os dados são da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que informou que os setores mais prejudicados foram os de motocicletas e eletroeletrônicos – neste último, principalmente nos segmentos de televisores e tablets.
“É uma crise política que se transformou nessa situação econômica que estamos vivendo. Tirou a confiança do consumidor brasileiro e reduziu o poder de compra daqueles que perderam o emprego”, afirma Wilson Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).
“Isso retrai o consumo, reduz a demanda por novos produtos, afeta a atividade das linhas de produção e há risco de mais demissões na indústria nacional. E não é diferente aqui para a Zona Franca de Manaus”, completa.
Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), disse que foram necessários acordos com as empresas para que o número de demissões não fosse maior.
“Nós fizemos acordos com várias empresas para obter licenças remuneradas, férias antecipadas, suspensão de contratos. Tudo foi feito aqui para conter essas demissões”, afirma, lembrando que, mesmo assim, foram perdidos entre 15 mil e 20 mil empregos. “Não deu pra segurar. Espero que no começo do ano a gente resolva essa parte e que o Brasil possa crescer novamente.”
O setor de vendas também sentiu os reflexos da crise. Além do receio da população de gastar, outro problema que influenciou a queda da produção e das vendas no setor foi a redução da concessão de crédito para financiamento, afirma Mário Okubo, gerente de Relações Institucionais de uma concessionária de motos em Manaus.
“Houve um aumento da inadimplência. O que os bancos e as financeiras fizeram? Começaram a dificultar a liberação de crédito.Mas existem compradores ainda. Historicamente, em 10 pedidos, de sete a oito cadastros eram aprovados pelas financeiras. Hoje, essas aprovações estão em torno de duas, no máximo três”, disse.
SUFRAMA BUSCA ALTERNATIVAS
O pólo industrial de Manaus tem uma peculiaridade em relação às indústrias do restante do país: sua produção é voltada para o abastecimento do mercado interno. Por isso, quando a crise afeta o poder aquisitivo, a Zona Franca é a mais atingida, afirma Rebecca Martins Garcia, superintendente da Suframa.
Para ela, o momento é propício para discutir a exportação dos produtos da Zona Franca. “É importante e já é consolidado o abastecimento interno no país. Mas é importante que se tenham alternativas fora, porque não é a primeira crise econômica que o Brasil está vivendo e não será a última”, diz.
É necessário, segundo Rebecca, repensar o modelo não no sentido de acabar com o que se tem, mas de abrir possibilidades de exportação. "Especialmente para a América Andina”, afirma.
Ainda de acordo com a superintendente, a Suframa criou grupos de trabalho para discutir alternativas sobre como superar a crise e alavancar a economia do Amazonas.
Um deles, relacionado à economia criativa, é a aposta para 2016, no sentido de fortalecer as chamadas startups, empresas nascentes de tecnologia, inovadoras e em geral rentáveis. "Assim como a economia solidária, que tem grande potencial no estado", conclui.
FOTO: Divulgação / Suframa