Show de abertura dos Jogos Para Olímpicos emociona Maracanã
Referências ao estilo de vida carioca e obra criada pelo artista Vik Muniz prepararam o cenário para uma homenagem ao espírito de superação. Mesmo com participação discreta, Michel Temer ouviu vaias
Os Jogos Para Olímpicos começaram neste domingo no Rio de Janeiro com um show concebido como uma experiência multissensorial. Iniciada com o Maracanã às escuras, a cerimônia procurou preparar a plateia para se sintonizar com a realidade dos atletas presentes.
Pela primeira vez, o Brasil terá representantes em todas as 22 modalidades disputadas, com 287 atletas. No total, a Paralimpíada do Rio terá competições com 4,3 mil atletas de 159 países.
A abertura foi marcada pela apresentação de um vídeo de Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional e paratleta nos anos 1970 e 80. As imagens mostraram o dirigente preparando sua viagem ao Rio e passando antes por Belém até chegar ao Maracanã para fazer a contagem regressiva aos Jogos.
Craven surgiu pessoalmente do meio do público e depois foi para a tribuna de autoridades. Ele se sentou ao lado do presidente Michel Temer. Minutos antes do início da cerimônia, parte do público gritou "Fora Temer" no estádio. Durante a cerimônia, também foram ouvidas vaias.
Acompanhado da mulher, Temer manteve uma presença discreta. Depois de declarar os jogos abertos, o presidente se retirou do Maracanã.
ALTA TECNOLOGIA E CRIATIVIDADE
Mesmo já antecipado pela imprensa, o início da cerimônia da abertura eletrizou o público no estádio do Maracanã, com a manobra de alta velocidade do cadeirante Aaron Wheelz.
Aaron desceu com uma cadeira de rodas uma megarrampa no meio da arquibancada do estádio e caiu sobre uma superfície inflável, após uma pirueta por dentro do círculo que simbolizava o zero na contagem regressiva. Uma queima de fogos acompanhou o número.
As projeções transformaram o chão do Maracanã em uma grande piscina atravessada pelo nadador Daniel Dias, também projetado em vídeo.
Após cruzar o palco, a piscina se transformou em uma praia, com direito a elementos típicos do Rio de Janeiro, como o aplauso ao pôr do sol, os vendedores de mate e biscoitos de polvilho e uma multidão de bailarinos que interpretaram banhistas e surfistas.
No gramado do Maracanã, teve a apresentação de uma roda de samba. Participaram da apresentação o compositor Monarco, Hamilton de Holanda, Maria Rita, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Pastoras da Portela, Pedrinho e Pretinho da Serrinha.
O número foi seguido pela chegada da bandeira do Brasil, hasteada por bombeiros salva-vidas do 3º Grupamento Marítimo. O Hino Nacional foi executado no piano pelo maestro João Carlos Martins. O músico chegou a abandonar a carreira por problemas físicos que atrofiaram suas mãos, mas retornou aos palcos.
A entrada das delegações na cerimônia de abertura das Paralimpíadas foi antecipada para que os atletas pudessem assistir ao espetáculo preparado pelos diretores criativos.
Como protagonistas da festa, eles entraram aos 18 minutos da cerimônia e também participaram de uma obra concebida pelo artista Vik Muniz, que montou um coração com peças que cada delegação trouxe no desfile das bandeiras.
A obra faz referência ao conceito central da cerimônia, resumido nas frases O coração Não Conhece Limites, em português, e Everybody Has a Heart em inglês.
Imagem: Agência Brasil