Santos Cruz é demitido. Congresso preocupado com decisão
Até então à frente da Secretaria do Governo, Santos Cruz será substituído por outro militar, o general do Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira
O ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, deixará a equipe do presidente Jair Bolsonaro. O presidente comunicou a demissão ao general em almoço nesta quinta-feira, 13/06, no Palácio do Planalto.
O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o general do Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira assumirá a Secretaria de Governo.
Ramos é comandante militar do Sudeste e fica baseado em São Paulo. Ainda não há previsão de chegada do novo ministro ao Palácio do Planalto para o início de suas atividades.
PREVIDÊNCIA
A notícia da demissão de Carlos Alberto do Santos Cruz surpreendeu senadores. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), manifestou preocupação com uma piora na relação entre o governo e o Congresso, de acordo com interlocutores que estavam reunidos no momento da informação.
Santos Cruz esteve de manhã no Senado para uma audiência na Comissão de Transparência, de onde saiu para uma conversa com Bolsonaro.
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), inclusive, havia agendado uma reunião com o chefe da Secretaria de Governo para esta sexta-feira, 14, no Palácio do Planalto. "Se for verdade, é uma lástima. Havia um bom relacionamento do Congresso com ele", comentou Rodrigues.
O líder do bloco que reúne PL, DEM e PSC no Senado, Wellington Fagundes (PL-MT), avaliou a saída de Santos Cruz como mais um complicador na articulação política do Planalto.
"É uma pessoa de estabilidade", afirmou, em referência ao ministro. "Temos uma instabilidade e uma imprevisibilidade com o que vai acontecer até a semana que vem, isso vai respingar para o governo? São perguntas que todos querem saber", declarou. "Vemos um governo que tem colocado à frente sempre a questão ideológica, e isso é sempre um 'dificultador' nas relações."
DESALINHAMENTO
A demissão de Santos Cruz foi atribuída ao "desalinhamento" com o presidente em questões como comunicação e a centralização de poder na sua pasta.
O ministro foi alvo recentemente de críticas do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, sobre os rumos da comunicação no Palácio do Planalto.
Também se envolveu em polêmicas com o escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru do bolsonarismo. O ministro vinha acumulando desgaste desde que reagiu às críticas de Olavo, a quem atribuiu uma "personalidade histérica".
Bolsonaro, porém, em nenhum momento saiu em defesa do seu ministro e chegou a condecorar Olavo com a Ordem Nacional de Rio Branco em meio à polêmica. A atitude incomodou a ala militar do governo.
IMAGEM: Marcelo Camargo/Agência Brasil