Protesto contra reajuste de tarifa acaba em campo de batalha
Em São Paulo, a polícia jogou bombas de gás e disparou em direção à multidão. Alguns manifestantes arremessaram garrafas e pedras nos policiais
O protesto contra o aumento do preço das passagens do transporte coletivo em São Paulo na sexta feira, 8/01, foi dispersado por volta das 19h30, depois de a Polícia Militar entrar em confronto com manifestantes no início da Avenida 23 de Maio, no centro da capital.
O local transformou-se em um campo de batalha. A polícia jogou bombas de gás e disparou em direção à multidão. Alguns manifestantes arremessaram garrafas e pedras nos policiais. A maior parte dos participantes do ato deixou o local pelas ruas próximas ao Terminal Bandeira, no centro da cidade.
Desde o início da manifestação, os policiais cercavam os manifestantes, em uma tática denominada “envelopamento”, em que os ativistas são bloqueados pelas laterais e pela retaguarda da passeata por um cordão policial.
No entanto, quando a manifestação chegou ao início da 23 de Maio, após passar por debaixo do Viaduto do Chá, os participantes do protesto, repentinamente, correram em direção à pista que não estava bloqueada pelo policiamento e para um local da avenida onde não havia policiais.
A ação dos ativistas pegou a polícia e alguns motoristas desprevenidos. Dois carros ficaram presos entre os ativistas e os condutores tentaram escapar usando marcha à ré.
Os policiais correram em direção aos manifestantes na tentativa de refazer o cerco original e afastar os ativistas do veículos. A ação da polícia gerou confronto com os manifestantes.
Os policiais passaram então a disparar contra a multidão e a lançar bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio. Parte dos ativistas atirou garrafas e pedras nos policiais.
Rojões foram arremessados contra a polícia. A partir desse momento, começaram a ocorrer atos de vandalismo. Lixeiras foram queimadas, carros apedrejados e ônibus, destruídos por mascarados. A polícia informou que houve pessoas feridas e casos de detenção, mas não forneceu mais detalhes.
No Rio de Janeiro o protesto terminou em confronto entre alguns manifestantes e a Polícia Militar (PM) hoje (8), na Central do Brasil, centro da capital fluminense.
A confusão começou no fim da tarde e a entrada da Central chegou a ser fechada por alguns minutos.
Por volta das 21h, o cenário do lado de fora da estação era de guerra, com objetos queimados e novo confronto entre a cavalaria da PM e manifestantes. Alguns participantes do protesto foram detidos. O tumulto começou quando bombas caseiras foram atiradas por manifestantes na Avenida Presidente Vargas. Eles também jogaram pedras nas instalações da Guarda Municipal e nos guardas que estavam no interior do prédio, que fica em frente à estação de trens.
A polícia respondeu com bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio.
Passageiros e manifestantes correram para dentro da central de trens para fugir da fumaça. Apenas uma das entradas da Central do Brasil permanece aberta.
A manifestação começou pacífica, com milhares de pessoas reunidas por volta das 18h na Cinelândia. A multidão seguiu até a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e de lá decidiu ir para a Central do Brasil.
O gestor ambiental Carlos de Oliveira, 34 anos, foi para o protesto de bicicleta. “Uso a bicicleta para trabalhar, mas infelizmente tenho que pagar passagem, porque moro em Niterói e preciso das barcas. E a passagem vai subir para $5,90. É um absurdo. Não vou ter como vir", disse.
O estudante Gabriel Gomes,18 anos, chegou cedo com um grupo de amigos do movimento punk. "Vim aqui para lutar pelos nossos direitos, porque aumentar a passagem é uma violação do bolso do trabalhador, porque a população fica à deriva, não vê as melhorias".
O ajuste tarifário das passagens não foi o único tema abordado no protesto. A defesa do direito de manifestação, os gastos públicos com as Olimpíadas e a violência policial também foram assuntos criticados em cartazes, músicas e palavras de ordem durante a manifestação.
Prestes a completar 90 anos na semana que vem, o fotógrafo aposentado José Galhassi de Oliveira se juntou ao grupo para protestar contra a corrupção. "A corrupção atinge os três poderes. A única solução para o Brasil é uma revolução, porque votar em qualquer deputado hoje é ser cúmplice do roubo que ele cometerá", defendeu ele, que já foi preso e torturado durante a ditadura militar por ser contra o regime.