Com caminhões parados, vendas no varejo caíram 29% no domingo
Um a cada três consumidores deixou de visitar uma loja de varejo no domingo, segundo levantamento da empresa de monitoramento Virtual Gate
As vendas no varejo brasileiro recuaram 29% no domingo, 27/05, na comparação com períodos equivalentes antes da paralisação dos caminhoneiros, conforme levantamento do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). No sábado, 26/05, o recuo foi de 21%.
Até sexta-feira, 25, o ICVA vinha registrando ainda algum crescimento nas vendas em supermercados, consequência da corrida de consumidores para fazerem estoque de alimentos. No fim de semana, no entanto, essa tendência já reverteu. Supermercados e hipermercados viram suas vendas recuarem em 14% no domingo e 1% no sábado.
Em postos de combustível, as vendas também afundaram. No início da crise, na quarta e quinta-feira, dias 23 e 24, as vendas de combustíveis dobraram, com consumidores correndo aos postos com medo de desabastecimento.
Já no final de semana, com o fim dos estoques, o setor caiu 54% no sábado e 60% no domingo.
Alencar Burti, presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), defende o direito de greve, mas não os bloqueios que interrompem o direito de ir e vir das pessoas.
O presidente da Facesp defende que é preciso “acima de tudo, despertar e alertar a nação para a urgência de uma reformulação da relação entre o transporte e os custos que ele gera, principalmente os tributários.”
Ele acrescenta que a entidade é contra qualquer aumento de impostos neste momento, “já que a carga tributária brasileira alcançou níveis insuportáveis.”
A Facesp não passou orientação formal às associações comerciais paulistas sobre a paralisação dos caminhoneiros. “Cada entidade tem a liberdade de levar em conta as condições e a realidade de seu município, buscando sempre ações que minimizem os impactos para o comércio e para a população”, afirma Burti.
SHOPPINGS
As lojas de shopping registraram 32% menos clientes circulando no último domingo na comparação com a mesma data do ano anterior, de acordo com levantamento da Virtual Gate, empresa de tecnologia que monitora o fluxo de clientes nas lojas. O setor foi afetado pela paralisação de caminhoneiros.
O dado mostra que aproximadamente um a cada três consumidores deixou de visitar uma loja de varejo. Esse impacto já era esperado por varejistas diante da dificuldade de locomoção em praticamente todas as cidades do País, em meio à falta de combustível.
No sábado, 26, o fluxo de clientes nas lojas de shopping já havia recuado 27,5% ante igual período do ano anterior.
Efeito parecido foi verificado nas lojas de rua. No domingo, 27, as lojas de rua perderam 39,5% de seus clientes. No sábado, a queda havia sido de 22,5%.
Com a queda, o fluxo de clientes do sábado, que em geral é o melhor dia de vendas para o varejo, registrou a mesma quantidade média de pessoas que a segunda-feira anterior, sendo que a segunda-feira é considerada o pior dia para o varejo.
Considerando todos os dias da semana passada, o varejo recebeu 12,4% menos clientes do que no ano passado. Esse efeito é considerado especialmente nocivo porque era esperado para essa época do ano que as vendas se aquecessem, em razão da proximidade do Dia dos Namorados.
*com Estadão Conteúdo
IMAGEM: Tomaz Silva/Agência Brasil