Brasileiro dispensa tablet e passa a usar TV para acessar internet
Levantamento do IBGE mostra também que a população está envelhecendo
Na esteira da difusão das plataformas de vídeo por streaming, 2,112 milhões de domicílios passaram a ter ao menos um televisor conectado na internet em 2017, um crescimento de 40% na comparação com 2016.
Agora, a TV é tão usada para acessar a internet quanto os tablets: 10,6% dos domicílios do País já possuem um televisor conectado, enquanto o tablet é usado para esse fim em 10,5% dos lares.
Os dados são da pesquisa "Características gerais dos moradores e dos domicílios 2017", com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada nesta quinta-feira, 26/04, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a estagnação da presença dos tablets nas casas das famílias, os smartphones assumiram mesmo o posto de aparelho preferencial para o acesso à internet.
Aparelhos celulares estão presentes em quase a totalidade (92,7%) dos domicílios brasileiros. Em 48,151 milhões de lares (69% do total), o acesso à internet é feito no celular, conforme os dados de 2017.
Foi um crescimento de 15,3% em relação a 2016, com 6,392 milhões de lares a mais usando o celular com internet.
Segundo Maria Lúcia Vieira, gerente da Pnad, os números sobre o uso dos celulares para acessar a internet podem estar subestimados. Embora ainda existam pessoas que têm celular, mas não usam a internet no aparelho, é possível que as famílias entrevistadas pelo IBGE não percebam o uso de e-mail e aplicativos de redes sociais como uso de internet.
"A maioria das pessoas que usam a internet no celular é para o uso de mensagens", disse Maria Lúcia, referindo-se a um recorte da Pnad, com dados de 2016 sobre uso de tecnologia, divulgado no início deste ano.
Por isso, explicou a pesquisadora, a partir de 2019, o questionário da Pnad passará a incluir perguntas específicas sobre o tipo de uso da internet no celular. Hoje, o questionário pergunta apenas se a família acessou a internet e se esse acesso foi no celular ou não.
Enquanto não atualiza o questionário, o IBGE deverá continuar observando crescimento do uso do celular para acessar a internet. Para Maria Lúcia, a tendência é que em todos os 64,656 milhões dos lares onde há um celular o aparelho seja usado com internet móvel.
Com o crescimento dos smartphones, os microcomputadores, incluindo notebooks, perderam espaço. Em 2016, havia acesso à internet com computadores em 27,792 milhões de lares (40,1% do total), mas o número caiu para 27,095 milhões em 2017, ou 38,8% do total. "Muitas pessoas que tinham o computador basicamente para acessar a internet, hoje o fazem no celular com muito mais facilidade", disse Maria Lúcia.
Independentemente do aparelho usado, 5,153 milhões de lares passaram a ter acesso à grande rede de computadores na passagem de 2016 para 2017. Com isso, 70,5% dos lares do País já têm acesso à internet. Em 2016, 63,6% dos domicílios relataram ao IBGE terem acesso à internet.
Enquanto isso, a Pnad de 2017 registrou mais um passo do telefone fixo rumo ao ostracismo. Agora, apenas 22,431 lares, ou 32,1% do total, possuem o aparelho. Em 2016, eram 23,891 milhões de domicílios.
ENVELHECIMENTO
Em cinco anos, a população brasileira com 60 anos ou mais de idade cresceu 18,8% entre 2012 a 2017. O aumento evidência o envelhecimento gradativo, segundo o IBGE.
O estudo mostra que, em 2017, a população residente no Brasil foi estimada em 207,1 milhões de pessoas, um crescimento de 4,2% em relação a 2012, quando havia 198,7 milhões.
Os dados indicam, ainda, que a população, ao manter a tendência de envelhecimento dos últimos anos, ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando os 30,2 milhões em 2017. Em 2012, os brasileiros com 60 anos ou mais eram 25,4 milhões.
As mulheres são maioria expressiva neste grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo).
MENOS FILHOS
Para Maria Lúcia, o levantamento confirma o processo de envelhecimento da população, que já é conhecido e não acontece somente no Brasil, pois é um fenômeno mundial.
“Isto ocorre por vários fatores. Em primeiro lugar, pelo aumento da expectativa de vida da população - as pessoas estão vivendo mais até pela melhoria na questão do saneamento básico e nos tratamentos de saúde disponíveis -, detalhe aliado às mulheres. Elas estão tendo menos filhos, o que é possível perceber nos últimos anos pela redução da taxa de fecundidade”, afirmou.
Os dados indicam que, ao mesmo tempo em que o contingente de pessoas com 60 anos ou mais cresceu em 18,8%, a parcela de crianças de 0 a 9 anos de idade na população residente caiu, passando de 14,1% para 12,9% no período. Neste caso, uma redução de 3,6% do total de pessoas nessa faixa etária.
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