Brasil está entre os cinco países que mais usam paraísos fiscais
Estudo da Unctad mostra que, entre 2010 e 2014, o país enviou US$ 23 bilhões para locais como Ilhas Virgens e Ilhas Cayman
O Brasil foi o quinto país que mais enviou recursos para paraísos fiscais como Ilhas Virgens e Ilhas Cayman entre 2010 e 2014, totalizando US$ 23 bilhões, mostra estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
No período, Hong Kong liderou o envio de recursos para esses centros financeiros (US$ 148 bilhões), seguido por Estados Unidos (US$ 93 bilhões), Rússia (US$ 77 bilhões), China (US$ 45 bilhões) e Brasil (US$ 23 bilhões). Outros países responderam por 14% do total, ou US$ 64 bilhões.
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Em 2015, os fluxos financeiros para paraísos fiscais somaram 72 bilhões de dólares, uma queda de 8% na comparação com o ano anterior. Apesar da baixa, o estudo considerou que o volume “permanece alto”, citando as iniciativas internacionais para reduzir esse fenômeno que causa prejuízos bilionários aos países.
“Os esforços para reduzir os fluxos financeiros offshore estão ocorrendo tanto em nível nacional como internacional”, informou a Unctad.
Além de reformas na Holanda e em Luxemburgo, e o pacote da Comissão Europeia contra a evasão fiscal, os Estados Unidos têm implementado gradualmente o Foreing Account Tax Compliance Act (Fatca).
MULTINACIONAIS
O estudo mostrou, ainda, que uma amostra de multinacionais de 26 países desenvolvidos teve mais lucros em Bermudas (US$ 43,7 bilhões) que na China (US$ 36,4 bilhões) em 2014.
A participação dos lucros dessas multinacionais em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de Bermudas foi de 780% naquele ano, enquanto em países não considerados paraísos fiscais foi, em média, de 1%.
Segundo a Unctad, as perdas com práticas tributárias de multinacionais causam prejuízos substanciais aos países, já que há um crescente número de companhias globais que contabilizam mais lucros em jurisdições offshore caracterizadas como paraísos fiscais.
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