ACSP homenageia personalidades dedicadas ao desenvolvimento do país
O prefeito João Doria e a deputada federal Mara Gabrilli foram dois dos homenageados em cerimônia conduzida por Alfredo Cotait Neto, vice-presidente da ACSP (foto)
“Não esmorecer, para não desmerecer”. A frase, eternizada por Carlos de Souza Nazareth, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) durante a Revolução Constitucionalista de 1932 – que domingo (09/07) completa 85 anos – foi lembrada no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo, na entrega do Colar que leva o seu nome.
Ele foi um dos principais idealizadores do movimento contra a ditadura de Getúlio Vargas e por uma nova Constituição, que veio dois anos depois, em 1934.
“Mesmo preso, torturado e exilado, ele tinha um lema: ‘Não esmorecer para não desmerecer’. E foi por meio desse lema que nós escolhemos os nossos agraciados, por suas contribuições ao estado e à vida”, disse Alfredo Cotait Neto, vice-presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de S.Paulo), que presidiu a cerimônia.
O Colar Carlos de Souza Nazareth, criado para homenagear esse líder empresarial, foi oficializado pelo Governo do Estado de São Paulo, no Decreto 48.033, de 19 de agosto de 2003.
Trata-se de uma iniciativa do Conselho Cívico e Cultural da ACSP para homenagear pessoas e instituições que, pelos seus relevantes serviços prestados à sociedade, tornaram-se dignas de público reconhecimento.
Os agraciados este ano para receber a honraria foram: o prefeito João Doria, representado no ato pelo Subsecretário de Relações Governamentais Milton Flávio; Mara Gabrilli, Deputada Federal; Dr. José Luiz Egydio Setúbal, Irmão Protetor e Mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Maria Cecília Naclério Homem, escritora agraciada com o Prêmio Jabuti em 2016 e a entidade Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (Funsai).
O Conselho do Colar Carlos de Souza Nazareth é presidido por Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp, tem a coordenação geral de Adolfo Bolivar Savelli e os seguintes membros do conselho: Edimara de Lima, Eloy Gonçalves de Oliveira, Frances de Azevedo, Francisco Giannoccaro, Og Pozzoli, Pedro Paulo Penna Trindade e Valdir Abdallah.
Maria Cecília Naclério Homem, paulistana, professora e doutora, proporcionou um dos momentos mais emocionantes da cerimônia ao relembrar a participação de parentes no Movimento Constitucionalista de 32.
Enquanto discursava para uma plateia de mais de 200 pessoas, ela chorou ao contar que a avó Sophia Naclério Homem ajudava na confecção de fardas para os soldados paulistas.
O tio de Maria Cecília, Luís Naclério Homem, foi para o campo de batalha.
“Eu sempre choro ao me lembrar o que estes parentes fizeram por São Paulo. Eles brigaram por uma causa, lutaram pelas ideias do povo paulista, que dois anos depois se tornaram realidade, com a promulgação da Constituinte de 1934”, disse.
“Precisamos cultIvar nos jovens e no povo em geral os valores éticos e morais em um momento em que a sociedade parece anestesiada."
"Apenas sob o regime constitucional será possível o restabelecimento da confiança e a restauração financeira e econômica do país, o que vale dizer, para a salvaguarda dos interesses morais e materiais mais imediatos e prementes da sociedade brasileira”, escreveu Carlos de Souza Nazareth, em manifesto enviado a Getúlio Vargas, exigindo o fim do período discricionário vigente.
Vale aqui ressaltar que os 55 mil voluntários paulistas foram para o confronto com o Governo Federal armados com equipamentos obsoletos, espingardas, fuzis descalibrados e garruchas. Contra um exército que tinha 350 mil homens, 24 aviões e 250 canhões.
Mesmo assim, honraram a bandeira de 13 listras de São Paulo.
Não conseguiram derrotar as forças de Getúlio, mas a semente germinou dois anos depois, com a promulgação da Constituição de 1934.
Os assassinatos de quatro jovens estudantes: Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Camargo de Andrade, que deram origem à sigla M.M.D.C, que se tornaria símbolo do levante contra o Governo, foram fatos relevantes para o acirramento dos ânimos na luta contra o regime ditatorial de Getúlio Vargas.
Os conflitos que culminaram com a morte dos quatro estudantes ocorreram na Praça da República.
Grupos formados por populares e estudantes realizaram passeatas e comícios e invadiram a sede da Legião Revolucionária, entidade favorável ao Governo Federal.
Os manifestantes foram recebidos à bala por membros da legião. A confusão se espalhou pelas ruas do centro. No final, o assassinato dos quatro estudantes.
No auge dos conflitos, emergiu a força de aglutinação da ACSP, com Carlos de Souza Nazareth à frente.
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FOTOS: Paulo Pampolin / Hype